Reuters
02/10/2001 - 11h24

Taleban prepara suas defesas no Afeganistão

da Reuters, em Islamabad (Paquistão)

Priorizando a defesa em vez da negociação, o regime islâmico do Taleban, do Afeganistão, tenta na terça-feira recuperar antigas alianças, atrair novos amigos e evitar a deserção de seus homens, enquanto dá esconderijo ao homem mais procurado do mundo, Osama bin Laden.

Relatos vindos do Afeganistão indicam que alguns ministros do Taleban estão viajando pelo sul e leste do país para defender o movimento, há cinco anos no poder. Ontem, o Taleban conseguiu o apoio de líderes tribais de três Províncias do leste.

Apesar disso, a posição do Taleban é delicada: nas últimas semanas, dois dos três países que mantinham relações com o regime romperam relações. O terceiro deles, o Paquistão, apóia os Estados Unidos na crise e diz que o governo afegão está por um fio. Há deserções em massa, a população foge de um eventual ataque e a Aliança do Norte, guerrilha apoiada pelo Ocidente, está conquistando territórios.

Os Estados Unidos querem entrar no país para caçar Bin Laden, suspeito de tramar os atentados de 11 de setembro contra Nova York e Washington. Para o Taleban, se trata de um ataque contra o Islã e a sociedade afegã, que vive segundo um modelo criado há mais de 1.300 anos.

Não há sinal de que o mulá Mohammad Omar esteja disposto a qualquer acordo a respeito de seu "hóspede" Bin Laden, que está sendo mantido em um lugar secreto "para sua própria segurança", segundo o Taleban.

Em um gesto excepcional, o mulá Omar falou ao povo pela rádio (a televisão é proibida no Afeganistão) na noite de domingo (30). Em um tom hesitante e monótono, Omar se dirigiu no idioma pashto ao ex-rei Zahir Shah, que de seu exílio em Roma negocia a criação de um governo provisório de união nacional. "Esqueça o Afeganistão, você não conseguirá resolver o problema no tempo que lhe resta de vida", disse o mulá. "Como ousa pensar que pode voltar ao Afeganistão com apoio dos Estados Unidos. Como vai governar o país?"

Aos norte-americanos, ele disse que "a não ser que vocês mudem suas políticas, não conseguirão apagar o fogo que iniciaram".

As autoridades do Taleban disseram ter detido nesta semana seis pessoas que distribuíam panfletos pró-Estados Unidos e conclamavam à volta do ex-rei Zahir. No terreno militar, o regime islâmico disse ter reconquistado áreas perdidas para a oposição no fim de semana.

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