Reuters
03/10/2001 - 12h22

Oposição afegã afirma que se reuniu com autoridades dos EUA

da Reuters, em Jabal Us Saraj (Afegnanistão)

Um líder da oposição afegã ao regime Taleban disse na quarta-feira que se encontrou com autoridades norte-americanas para discutir a possibilidade de uma cooperação militar.

Abdullah Abdullah, chanceler da Aliança do Norte, grupo reconhecido pela comunidade internacional como o legítimo governo afegão, também confirmou ter recebido ajuda da Rússia e do Irã.

"Encontrei autoridades norte-americanas nos últimos dias", disse Abdullah a jornalistas em Jabal us Saraj, um enclave da Aliança a 70 quilômetros ao norte de Cabul [capital].

Os Estados Unidos e o Reino Unido ameaçam atacar o Afeganistão por causa da recusa do Taleban em entregar o milionário de origem saudita Osama bin Laden, acusado pelos norte-americanos de comandar os atentados de 11 de setembro contra prédios em Nova York e nas cercanias de Washington.

Abdullah viajou várias vezes de helicóptero nos últimos dias para o Tadjiquistão, mas não disse onde ou com quem se encontrou. A Aliança tenta há cinco anos recuperar o poder que perdeu para o Taleban, mas agora Abdullah disse que a prioridade de seu grupo agora é "a erradicação do terrorismo no Afeganistão".

A Aliança já declarou que está fornecendo informações para os norte-americanos e quer aproveitar um eventual ataque para iniciar uma ofensiva final contra o Taleban. A oposição, formada por antigos grupos "mujahideen" que combateram a invasão soviética (1979-89), controla menos de dez por cento do país.

Curiosamente, agora os russos (e também iranianos) estão enviando armas para a Aliança a partir do Tadjiquistão, o que pode ser definitivo para derrubar os radicais do Taleban. Até o momento, Moscou e Teerã demonstravam antipatia pelo Taleban, mas nunca admitiram ajuda militar à oposição.

"Até agora, sobrevivemos com o mínimo (de ajuda externa). Como resultado da nova situação, recebemos mais ofertas e espero que nos proporcionem o que precisamos", afirmou.

O chanceler disse que dezenas de comandantes do Taleban se ofereceram para mudar de lado na guerra civil nos últimos dias, trazendo consigo pelo menos 10 mil soldados. Para aumentar o impacto estratégico das deserções, a Aliança pediu aos comandantes que aguardem um ataque norte-americano e uma nova ofensiva contra o Taleban antes de entrar em cena.

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca