Reuters
04/10/2001 - 19h01

Taleban reúne ministros e ameaça punir quem apoiar ex-rei

da Reuters, em Cabul

O governo do Taleban no Afeganistão convocou seus ministros para uma reunião especial hoje e ameaçou punir severamente qualquer um que esteja apoiando a volta do ex-rei Mohammad Zahir Shah.

O Taleban tomou uma posição de desafio diante da ameaça de ataque dos Estados Unidos em retaliação aos "atos de terror" do dia 11 de setembro em Nova York e Washington.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, que disse haver provas ligando pelo menos três dos sequestradores a Bin Laden, visitará o Paquistão amanhã. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, está na Ásia para obter apoio a ações militares.

É improvável que alguma ação militar aconteça enquanto os dois líderes estiverem na região.

Abdur Raouf Arif, governador da província de Paktia, no Afeganistão, disse à agência de notícias do Taleban que o movimento decidiu queimar as casas de quem for pego em contato com "estrangeiros, servis e marionetes da América".

Arif disse que os monarquistas devem ser punidos e expulsos do país, e afirmou que o ex-rei não tem apoio entre o povo de Paktia porque ele não apoiou a luta contra a ocupação soviética.

Paktia era a base do ex-rei, que foi exilado em 1973 e vive na Itália desde então. Oponentes do Taleban indicaram o rei como possível mediador para a crise no país.

Paquistão

O Taleban perdeu o apoio de seu último aliado quando o governo do Paquistão disse reconhecer a existência de provas suficientes do envolvimento de Bin Laden nos ataques.

"Vimos o material fornecido pelo lado norte-americano ontem. Esse material certamente dá base suficiente para processo em corte da lei", disse o porta-voz do Ministério do Exterior do Paquistão, Riaz Mohammad.

"Estamos impressionados", disse o ministro do Exterior do Paquistão, Abdul Sattar, à rede de televisão CNN. "Pedimos novamente para os Estados Unidos publicarem essa informação. Porque será a comunidade internacional que fará o julgamento."

Na frente militar, a Aliança do Norte, oposição ao Taleban, disse ter recebido nova ajuda militar da Rússia e do Irã e ter mantido negociações com os Estados Unidos.

O comandante militar da Aliança, o general Mohammad Fahim, disse que suas forças lançarão uma ofensiva para coincidir com os ataques norte-americanos para caçar Bin Laden.

A Aliança controla somente 5% do Afeganistão, mas ainda é reconhecida pelas Nações Unidas como o governo do país. O líder da aliança, Ahmad Shah Masood, foi morto em atentado atribuído também a Bin Laden.

Ministros do Taleban tentam fazer alianças no país e incentivar suas tropas a resistir a qualquer ataque dos Estados Unidos.

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