Reuters
05/10/2001 - 16h53

Oposição afegã já arquiteta novo governo pós-Taleban

da Reuters, em Jabal Us Saraj (Afeganistão)

A oposição afegã alertou hoje o regime militar do Paquistão para que não tente interferir na formação de um novo governo no país, caso o regime Taleban seja deposto.

Abdullah Abdullah, chanceler da Aliança do Norte (grupo reconhecido pela ONU como legítimo governo do país, mas que governa menos de 10% do território), disse que a oposição recebe cada vez mais ajuda internacional -consequência da proteção dada pelo Taleban (grupo islâmico que controla 90% do território do Afeganistão desde 1998 e impôs um regime marcado pelo extremismo e pelo conservadorismo) ao milionário de origem saudita Osama bin Laden, acusado pelos Estados Unidos de comandar os atentados de 11 de setembro contra o World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, nas cercanias de Washington.

Ele afirmou que os EUA confiam cada vez menos no Paquistão e mais na Aliança como força de apoio a um eventual ataque para caçar Bin Laden. O Paquistão, único país que reconhece o regime Taleban, "não deve nem pensar em se intrometer na formação do novo governo. Não é possível", disse Abdullah. "A situação desastrosa que vivemos hoje se deve ao fato de que em 1990 o Paquistão tentou fazer isso."

Além da preparação para os ataques, a Aliança também negocia politicamente a formação de um novo governo, imaginando que o Taleban cairá por causa da guerrilha ou dos ataques dos EUA.

O grupo, formado pelas minorias étnicas uzbeque e tadjique, já acertou com o ex-rei Zahir Shah, deposto em 1973, a convocação de um conselho tradicional para formar um governo provisório de união nacional. Zahir é da etnia pashtun, majoritária, a mesma que compõe o Taleban.

Abdullah disse que esse conselho não vai aceitar representantes do Taleban, mas comandantes da milícia religiosa que mudarem de lado a tempo poderão participar. "Não excluímos líderes tribais pashtuns ou personalidades influentes que estejam sob controle do Taleban", afirmou ele no território controlado pela Aliança, 70 quilômetros ao norte da capital, Cabul [capital].

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