Reuters
19/04/2001 - 16h56

Judeus marcham para relembrar vítimas do Holocausto

da Reuters e da Folha Online

Jovens judeus e poloneses marcharam hoje pelo ``corredor da morte'' do antigo campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, para lembrar as vítimas do genocídio nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Alguns sobreviventes do terror nazista se juntaram aos cerca de mil participantes de todo o mundo na ``Marcha da Vida'', evento anual que percorre os três quilômetros que separam Auschwitz de Birkenau.

``A vida no campo era uma infinita luta pela sobrevivência. A cada minutos, você poderia levar um tiro na cabeça. A cada dia, poderia morrer de fome'', disse Ada Ingeberg, 73, uma sobrevivente.

Cerca de 1,5 milhão de pessoas, grande parte judeus, morreram em Auschwitz e Birkenau, no sul da Polônia. A maioria das vítimas foram executadas em câmaras de gás e queimadas em fornos crematórios após serem levadas para os campos em vagões de gado que cruzavam toda a Europa.

Muitos jovens judeus, visivelmente abalados pela visão dos espartanos alojamentos de madeira e das cercas de arame farpado, disseram que a marcha foi uma aula de história que os ensinou a nunca esquecer as atrocidades do nazismo.

``Estou tentando entender o que aconteceu aqui, como o que parece impossível ocorreu. Nunca devemos esquecer'', disse Dima Zogas, adolescente de Israel que foi à Polônia em uma excursão de escola.

A marcha começou com o toque de um chofar, instrumento de sopro que entre os judeus simboliza a continuidade, sob o portão de Auschwitz, onde ainda se lê a irônica frase que identificava os campos de concentração: ``Arbeit Macht Frei'' (o trabalho liberta).

Vários judeus se enrolaram na bandeira de Israel. Alguns eram religiosos ortodoxos, identificados pelos grossos casacos, chapéus pretos e tranças nos cabelos. ``Vim porque toda a família da minha avó morreu nos campos'', disse Raphael, 17, do Panamá.

Representantes dos 10 mil judeus da Polônia participaram do ato. Há dois anos, católicos poloneses começaram a acompanhar a marcha, em sinal de reconciliação com os judeus.

Apenas 300 mil judeus sobreviveram ao Holocausto. A maior parte deixou o país temendo os ``pogroms'' incentivados pelo regime comunista que se seguiu à guerra.

A relação entre católicos e judeus na Polônia voltou a ser motivo de polêmica neste ano, com o lançamento de um livro com novas evidências de que, em pelo menos um caso, da cidade de Jedwabne, foi a população civil, não os militares nazistas, quem perseguiu e matou os judeus.

Promotores iniciaram uma investigação sobre a morte de 1.600 judeus da cidade, queimados vivos em um silo. O caso fez muitos poloneses reverem a imagem de que o povo do país heroicamente desafiou o regime de Adolf Hitler.

Ato em SP

A Associação Brasileira da Marcha da Vida, com o apoio da Federação Israelita do Estado de São Paulo, promove neste domingo a "5º Marcha da Vida Regional", uma caminhada silenciosa, de cerca de 3 km, em memória do Dia do Holocausto.

Os participantes seguem em direção ao Cemitério Israelita do Butantã (zona oeste de SP) e em seguida promovem um ato em memória daqueles que pereceram durante o Holocausto, no Monumento aos Mártires. São esperadas cerca de mil pessoas, entre sobreviventes do Holocausto, idosos, jovens e até crianças.

A "Marcha da Vida Regional" surgiu em 1992, quando um grupo fundou a Associação Brasileira da Marcha da Vida Mundial, ficando responsável pela organização bianual de uma delegação brasileira para participar da Marcha da Vida Mundial na Polônia.

A viagem realiza-se em duas etapas. Na Polônia, o grupo visita os grandes centros judaicos da Europa no pré-Guerra e os principais campos de concentração.

A segunda etapa acontece em Israel onde o grupo comemora o Dia da Independência, vivenciando o contraste da história judaica deste século, da dor à alegria. Nos anos em que o Brasil não manda uma delegação à Polônia, a Marcha da Vida Regional é realizada em São Paulo.




 

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