Reuters
15/10/2001 - 19h03

Advogados dizem que Mata Hari não era espiã

da Reuters, em Paris

Oitenta e quatro anos depois de a lendária artista de striptease Mata Hari ser fuzilada na França, acusada de espionagem, um processo foi aberto na Justiça para limpar seu nome.

Advogados representando a Fundação Mata Hari e a cidade natal da artista, Leeuwarden, na Holanda, disseram que a "femme fatale", acusada de vender segredos de Estado à Alemanha durante a 1ª Guerra Mundial, não era espiã, e sim vítima de uma conspiração.

Eles querem que o Ministério da Justiça francês autorize a realização de novo julgamento, na esperança de ver anulado o veredicto de culpada que a levou a ser executada por um pelotão de fuzilamento, em 1917.

Segundo o advogado encarregado do caso, Thibault de Montbrial, Mata Hari, cujo nome real era Margaretha Zelle MacLeod, foi uma oportunista que vivia uma vida de luxo e pegou dinheiro da Alemanha e da França durante a guerra, mas que jamais entregou informações sigilosas em troca do dinheiro.

"O Exército francês quis vê-la morta em parte para demonstrar a eficácia de seu sistema de combate à espionagem e em parte porque a opinião pública estava cansada de ver parisienses ricos vivendo no luxo, enquanto os soldados morriam no campo de batalha'', disse de Montbrial em coletiva de imprensa.

Sexo, intrigas e traição

Na mitologia da espionagem, Mata Hari perde apenas para o herói fictício James Bond. Seu nome já virou sinônimo de sexo, intrigas e traição.

As autoridades francesas a acusaram de revelar segredos a um oficial da embaixada alemã em Madri. Além disso, ela foi acusada de receber dinheiro do consulado alemão na Holanda.

Mata Hari, cujo apelido significa "olho da manhã" no idioma malaio, também era acusada de ter dormido com cerca de 20 oficiais alemãs e era célebre por suas danças orientais exóticas.

O escritor alemão Leon Schirmann passou quase dez anos vasculhando arquivos na França, Grã-Bretanha e Alemanha para tentar provar sua inocência, e escreveu um livro baseado no que descobriu.

Segundo de Montbrial, as pesquisas de Schirmann revelaram que as provas contra Mata Hari eram insuficientes, e documentos oficiais mostram que os serviços de Inteligência franceses fabricaram provas falsas para incriminá-la.

"Ela foi vítima de uma campanha de informações falsas movida pelo serviço secreto francês e aprovada em todos os níveis", disse o advogado. "A verdade foi escondida propositadamente."

Em 1999, os serviços de Inteligência britânicos divulgaram documentos mostrando que não puderam encontrar provas de que Mata Hari tivesse trabalhado como agente secreta.
 

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