Taleban integrará futuro governo afegão, dizem Musharraf e Powell
da Reuters, em IslamabadO presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Colin Powell, disseram hoje que a milícia Taleban deverá ter um papel na política do Afeganistão, mesmo que seja derrubada do governo pelos bombardeios norte-americanos.
"O ex-rei Zahir Shah, líderes políticos, líderes moderados do Taleban, elementos da Aliança do Norte [a guerrilha de oposição], anciões tribais, afegãos no exílio, todos podem ter um papel nesse governo", disse Musharraf.
Powell reconheceu que o Taleban tem alguns participantes moderados, que podem seguir na vida pública. "O termo taleban [estudantes] define o atual regime, mas também um grupo de pessoas. Se nos livrarmos desse regime, ainda haverá aqueles que consideram os ensinamentos, sentimentos e crenças desse movimento muito importante, e por isso estão dispostos a participar do desenvolvimento de um novo Afeganistão", afirmou Powell.
Colin Powell viaja à Ásia para reforçar os apoios à coalizão contra o "terrorismo mundial". Atualmente, esta coalizão, liderada pelos EUA, bombardeia o Afeganistão para derrubar o Taleban e caçar seu "hóspede" Osama bin Laden, o militante de origem saudita acusado de tramar os atentados de 11 de setembro contra Nova York e Washington.
Powell disse que esta fase da ofensiva acabará em breve. Musharraf ouviu a declaração com alívio, pois, segundo ele, "a maioria das pessoas são contra a operação no Afeganistão".
A situação do presidente é delicada. Para não enfrentar a ira da maior potência do planeta, ele cedeu a infra-estrutura do país aos militares norte-americanos. Mas com isso encontra resistência de parte da população que tem simpatia pelo Afeganistão e seu regime.
Powell, que chegou ao Paquistão sob intenso esquema de segurança, afirmou que a queda do Taleban é questão de tempo, mas não quis fazer especulações.
Hoje, os EUA deslocaram armas poderosas para tentar um ataque final a Kandahar, capital espiritual do Taleban.
Powell também precisou entrar na questão da Caxemira, o território montanhoso disputado entre Índia e Paquistão, duas potências nucleares. Ele pediu uma resolução pacífica da disputa, mas enquanto falava havia combates na região. O secretário de Estado também visitará a Índia.