Reuters
23/10/2001 - 14h23

"Don's Plum", filme da Mostra, tem dobradinha de DiCaprio e Maguire

da Reuters, em Hollywood

É difícil imaginar Leonardo DiCaprio e Tobey Maguire mais imaturos do que no filme independente "Don's Plum", em cartaz na 25ª Mostra BR de Cinema.

A produção americano-dinamarquesa, filmada em 1995 e que ficou cinco anos inacabada, revela ser um filme desagradável e chato em que os dois "queridinhos teen" de Hollywood fazem parte de um quarteto de amigos que se reúne todos os sábados no bar de Los Angeles que dá título à obra.

Cada um traz a tiracolo uma namorada nova a cada semana, para passar longas e estridentes noites à base de café, fritas, xingamentos mútuos e bate-papo com teor proibido para menores.

Os próprios atores entraram com um processo na Justiça para impedir a exibição do filme na América do Norte. E, apesar da colaboração da Zentropa, de Lars von Trier, na finalização, essa obra é tampouco um triunfo em estilo Dogma 95.

Mais do que qualquer outra coisa, é uma curiosidade irritante, repleta de referências culturais superadas e gíria dolorosamente desajeitada, sem falar em angústia existencial pós-adolescente e péssimas atuações.

No entanto, "Don's Plum" tem tudo para ser bem recebido por teens em todo o mundo, a contar pela reação dos fãs de DiCaprio quando o filme foi exibido no festival de Berlim.

Ian (Tobey Maguire) consegue convencer a simpática garçonete Juliet (Meadow Sisto) a acompanhá-lo até o bar onde haverá o encontro semanal com seus amigos.

O nervoso Jeremy (Kevin Connolly) leva a caroneira Amy (Amber Benson), enquanto o temperamental Brad (Scott Bloom) convence sua conquista recente, Sara (Jenny Lewis), a ir com ele.

Apenas o boca-suja Derek (DiCaprio) chega sozinho, mas o desequilíbrio é corrigido com a chegada de Constance (Heather McComb), amiga de Sara.

Os amigos passam a ofender uma negra gorda que passa perto de sua mesa, um mecânico de roupa suja sentado à mesa ao lado, a garçonete, dois transeuntes, o dono do bar e qualquer outra pessoa em suas miras.

A conversa recheada de palavrões inclui reflexões sobre o Nirvana, masturbação, o ponto G masculino e sexo em geral. Eles jogam vários jogos impublicáveis envolvendo a revelação de verdades.

As filmagens originais foram feitas ao longo de três dias (e cerca de 90 por cento da atuação teria sido de improviso), e o trabalho de pós-produção feito na Dinamarca teria levado mais de um ano.

À luz dos trabalhos posteriores de DiCaprio, é espantoso o fato de ele e Maguire terem feito objeções tão fortes à existência da obra, alegando não saber que um filme seria feito com as sessões que, disseram, acreditavam ser improvisos.

O personagem de Leonardo não passa de uma versão mais jovem e menos famoso e daquele que ele representa em "Celebridades", de Woody Allen, e não é mais nem menos lisonjeiro do que o que ele faz no recente "A Praia".

Quanto a Maguire, é dele a atuação mais inesperada de todos, com olhares ingênuos e ritmos surpreendentes que deixam entrever uma profundidade emocional que o filme à sua volta em nenhum momento sequer começa a explorar.

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