Reuters
24/10/2001 - 21h13

''Vidas Secas'', em cartaz na Mostra, marca estréia de ilustres novatos

da Reuters

Por trás da produção de "Vidas Secas", em exibição na 25ª Mostra BR de Cinema, em São Paulo, está um trabalho inovador feito pelo então fotógrafo Luiz Carlos Barreto, pai dos cineastas Bruno e Fábio, que estreou como diretor de fotografia justamente no filme de Nelson Pereira dos Santos.

Na época, Barreto era fotógrafo da revista "O Cruzeiro" e se ligava, justamente, num estilo despojado, como o desenvolvido na Europa por Cartier Bresson.

Ou seja, um estilo que procurava o maior naturalismo, sem filtros nem flash. Por seguir essa linha, ser nordestino (é cearense de Sobral) e, mais do que tudo, pela intermediação de ninguém menos do que Glauber Rocha, Barreto mudou sua própria trajetória.

Foi também neste filme único que Jofre Soares estreou no cinema, apesar de já ter na época 45 anos e nenhuma experiência como ator. Foi outro feliz acaso desta filmagem.

Soares era marinheiro aposentado, vendedor de fogões, geladeiras e outras quinquilharias e vinculou-se ao projeto primeiro como assistente de produção, já que conhecia a região de Palmeira dos Índios (AL), onde ocorreram as filmagens.

Felizmente, Santos percebeu a tempo os maiores talentos de Jofre, que se tornou um dos mais marcantes intérpretes do cinema brasileiro até sua morte, em 1996.

Nem só destes acasos quase mágicos se fez a história deste filme magnífico. Também houve episódios muito engraçados.

Como quando foi exibido na competição oficial do Festival de Cannes, em 1964, e alguns críticos franceses se convenceram de que a cachorra que aparece no filme havia sido morta de verdade, tamanho o realismo da cena.

A gritaria, inclusive da União Protetora dos Animais da França, foi tamanha que obrigou a produção do filme a embarcar a cadelinha para Cannes, onde ela desfilou pelos restaurantes da Croisette como se fosse uma estrela.

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