ONG diz ter provas contra membros do governo iugoslavo
da Reuters, em Belgrado (Iugoslávia)Um grupo de defesa dos direitos humanos afirmou hoje ter reunido provas que indicavam a participação do ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic e de seus assessores, alguns ainda no governo, em atrocidades sistemáticas cometidas na Província de Kosovo.
Quatro co-réus continuam em liberdade. Os outros envolvidos nos crimes foram apontados pelo Human Rights Watch: Nebojsa Pavkovic, atual chefe do gabinete militar do país, e Sreten Lukic, chefe da polícia.
"A campanha de 1999 em Kosovo foi claramente coordenada pelo alto escalão, e algumas dessas pessoas continuam a ocupar cargos importantes hoje", afirmou Elizabeth Andersen, diretora da seção para a Ásia Central e a Europa do grupo Human Rights Watch. "Responsabilizar Milosevic é o primeiro passo. Mas ele é apenas um elemento de uma longa lista."
O relatório também criticou a atuação da Otran e da guerrilha de origem albanesa Exército de Libertação de Kosovo (KLA).
O KLA, que enfrentou as forças sérvias na Província, sequestrou e assassinou civis durante e depois da guerra, afirma o relatório. Segundo o Human Rights, a Otan, por outro lado, deveria ter tomado medidas mais efetivas para evitar as cerca de 500 vítimas civis dos bombardeios realizados contra a Iugoslávia.
O grupo afirmou que o relatório revelava uma campanha coordenada e sistemática para aterrorizar, matar e expulsar albaneses de Kosovo realizada pelos ex-líderes iugoslavos.
Sob pressão do Ocidente, o atual governo sérvio, reformista, entregou Milosevic em junho ao tribunal de crimes de guerra da Organização das Nações Unidas (ONU). Milosevic encontra-se detido em Haia (Holanda) e aguarda julgamento.
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