Palco Club do Free Jazz tem noite de virtuosos

da Reuters

O virtuosismo marcou a última noite do palco Club do Free Jazz no domingo, em São Paulo, quando o saxofonista alto Phil Woods e o guitarrista Pat Martino esbanjaram técnica, cada um ao seu estilo.

Woods fez um show impecável, embora um pouco prejudicado pelo vazamento de som do palco Main Stage, que ficava ao lado do Club (de jazz), como tinha ocorrido nas noites anteriores.

Lá pelo meio da apresentação ele impacientou-se e protestou: "O que estão fazendo lá fora? Isso é música? É uma porcaria".

Se ele soubesse que o alvo de sua ira era a cantora Macy Gray, talvez não tivesse sido tão rude, mas o fato é que no Club só chegavam os sons graves, e tremendamente embolados, do palco vizinho.

Todos os músicos de seu quinteto são muito bons, com destaque para o trompetista Brian Lynch, que teve mais espaço para solar que o próprio líder.

O grupo é completo por Bill Charlap (piano) e os parceiros de longa data Steve Gilmore (contrabaixo) e Bill Goodwin (bateria).

Woods tocou apenas uma música de sua autoria, "How's Your Mama", além de composições de Lynch e os standards "The Beautiful Friendship" e "So in Love".

Seu timbre cristalino e a fluência de idéias mostraram porque ele é considerado o melhor discípulo de Charlie Parker em atividade.

Pat Martino veio acompanhado apenas do jovem pianista Jim Ridl, que já gravou com o guitarrista. Executou cinco temas de sua autoria, como "Welcome to a Prayer" e "Recollection", e apenas um standard, "Oleo", de Sonny Rollins, destilando seus velozes solos bebop influenciados por Wes Montgomery.

Seu domínio do instrumento é inacreditável, mas foi um show para iniciados, que acabou ficando um pouco cansativo devido à avalanche de frases em ritmo vertiginoso.