Reuters
10/11/2001 - 17h10

Paquistaneses esperam gestos de confiança dos EUA, diz presidente

da Reuters, em Nova York

O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, disse em uma entrevista publicada hoje que precisa de um visível gesto dos Estados Unidos, como a liberação dos aviões de combate F-16 comprados pelo país cerca de uma década atrás, para ajudar a abrandar a crítica nacional à sua decisão em apoiar o bombardeio norte-americano ao Afeganistão.

Musharraf disse, em uma entrevista para o jornal "The New York Times", que iria pedir ao presidente norte-americano, George W. Bush, decisões concretas em uma reunião que terão hoje. Os dois líderes estão em Nova York para o encontro da Assembléia da ONU (Organização das Nações Unidas).

O jornal norte-americano disse que Musharraf deu ênfase particular à liberação dos aviões porque a chegada desses seria um forte sinal de que os Estados Unidos estariam aceitando o Paquistão como um genuíno aliado.

O Paquistão comprou 28 aviões F-16 na década de 80, mas o Congresso dos EUA cortou toda a ajuda e vendas militares à Islamabad em 1990, devido ao programa secreto de desenvolvimento de armas nucleares do país.

A entrega dos aviões foi bloqueada, mesmo com o pedido já tendo sido pago. Musharraf contou ao jornal que o Paquistão chegou a receber até a conta da compra, enquanto os aviões ficaram presos no Arizona.

O Paquistão, que faz fronteira com o Afeganistão, é um aliado importante na guerra dos Estados Unidos contra a rede Al Qaeda, de Osama bin Laden, principais suspeitos dos ataques terroristas de 11 de setembro aos EUA. O regime que controla o Afeganistão, Taleban, tem abrigado Bin Laden e seu grupo e recusou-se a entregá-lo aos EUA.

A população do Paquistão, país que também foi aliado dos EUA na Guerra Fria, sentem que Washington abandonaram o país depois de 1989, quando a União Soviética retirou-se do Afeganistão, disse Musharraf ao jornal.

Os Estados Unidos impuseram sanções econômicas quando o Paquistão desenvolveu armas nucleares em resposta ao programa nuclear da Índia. Os dois países começaram a fazer testes nucleares em 1998.

Alívio da dívida principal, assistência militar e entendimento do assunto sobre capacidade nuclear do Paquistão teriam um grande caminho pela frente para serem suavizados, disse o presidente ao jornal.

O presidente do Paquistão também disse que estava preocupado que não há nenhuma coalizão pronta para agir no Afeganistão no lugar do Taleban.

A Aliança do Norte, força de oposição do Afeganistão, é composta principalmente por não Pashtuns, grupo étnico dominante no Afeganistão.

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