Paquistaneses esperam gestos de confiança dos EUA, diz presidente
da Reuters, em Nova YorkO presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, disse em uma entrevista publicada hoje que precisa de um visível gesto dos Estados Unidos, como a liberação dos aviões de combate F-16 comprados pelo país cerca de uma década atrás, para ajudar a abrandar a crítica nacional à sua decisão em apoiar o bombardeio norte-americano ao Afeganistão.
Musharraf disse, em uma entrevista para o jornal "The New York Times", que iria pedir ao presidente norte-americano, George W. Bush, decisões concretas em uma reunião que terão hoje. Os dois líderes estão em Nova York para o encontro da Assembléia da ONU (Organização das Nações Unidas).
O jornal norte-americano disse que Musharraf deu ênfase particular à liberação dos aviões porque a chegada desses seria um forte sinal de que os Estados Unidos estariam aceitando o Paquistão como um genuíno aliado.
O Paquistão comprou 28 aviões F-16 na década de 80, mas o Congresso dos EUA cortou toda a ajuda e vendas militares à Islamabad em 1990, devido ao programa secreto de desenvolvimento de armas nucleares do país.
A entrega dos aviões foi bloqueada, mesmo com o pedido já tendo sido pago. Musharraf contou ao jornal que o Paquistão chegou a receber até a conta da compra, enquanto os aviões ficaram presos no Arizona.
O Paquistão, que faz fronteira com o Afeganistão, é um aliado importante na guerra dos Estados Unidos contra a rede Al Qaeda, de Osama bin Laden, principais suspeitos dos ataques terroristas de 11 de setembro aos EUA. O regime que controla o Afeganistão, Taleban, tem abrigado Bin Laden e seu grupo e recusou-se a entregá-lo aos EUA.
A população do Paquistão, país que também foi aliado dos EUA na Guerra Fria, sentem que Washington abandonaram o país depois de 1989, quando a União Soviética retirou-se do Afeganistão, disse Musharraf ao jornal.
Os Estados Unidos impuseram sanções econômicas quando o Paquistão desenvolveu armas nucleares em resposta ao programa nuclear da Índia. Os dois países começaram a fazer testes nucleares em 1998.
Alívio da dívida principal, assistência militar e entendimento do assunto sobre capacidade nuclear do Paquistão teriam um grande caminho pela frente para serem suavizados, disse o presidente ao jornal.
O presidente do Paquistão também disse que estava preocupado que não há nenhuma coalizão pronta para agir no Afeganistão no lugar do Taleban.
A Aliança do Norte, força de oposição do Afeganistão, é composta principalmente por não Pashtuns, grupo étnico dominante no Afeganistão.
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