Reuters
24/04/2001 - 18h23

Relatório diz que gravadoras vendem sexo e violência para crianças

da Reuters, em Washington

Um relatório federal divulgado hoje acusa as gravadoras americanas de promoção de músicas com letras violentas e indecentes, tendo as crianças como público.

A Comissão Federal de Comércio fez um estudo de acompanhamento sobre a indústria do entretenimento em reposta a um relatório de setembro de 2000, que acusava todo o setor de vender agressivamente filmes, videogames e músicas violentas e de conteúdo sexual explícito para crianças.

A comissão se disse satisfeita com a resposta dos estúdios de cinema e dos produtoress de games ao relatório do ano passado, mas considerou "um fracasso quase completo" a reação das gravadoras.

O diretor da comissão, Robert Pitofsky, disse que "pelo menos por enquanto, infelizmente a reação da indústria fonográfica tem sido frustrante na instituição de reformas positivas".

O primeiro relatório foi encomendado pelo então presidente Bill Clinton, depois do massacre de abril de 1999 na escola secundária Columbine, no Colorado. Naquela ocasião, dois jovens saíram atirando indiscriminadamente contra colegas e funcionários da escola, reacendendo a polêmica sobre a influência dos meios de comunicação na violência juvenil.

O novo documento acusou as gravadoras de divulgarem produtos "explícitos" em programas de TV e revistas com grande audiência infanto-juvenil. A indústria fonográfica é criticada por não instituir uma classificação etária para seus produtos que contenham letras com referências a sexo explícito, homofobia, misoginia e violência.

Antes mesmo da divulgação do relatório a indústria já estava se defendendo, dizendo ser impossível criar tal classificação. "A música é única. Pela mesma razão não há um sistema classificatório para livros", disse Hillary Rosen, presidente da associação americana do setor. Rosen disse, no entanto, que as empresas defendem que se indiquem conteúdos delicados nos rótulos.

Durante 15 anos, as gravadoras colocaram "avisos aos pais" nos discos, mas nunca sugeriram classificações etárias. O relatório não propôs nenhum tipo de punição às empresas.

"Uma vez que a intrusão do governo em questões relativas a conteúdo levanta importantes preocupações com relação à Primeira Emenda (à Constituição dos EUA, que assegura a liberdade de expressão), a auto-regulamentação continua sendo a solução preferida", disse Pitofsky.
 

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