Reuters
14/11/2001 - 20h25

Transplante de células é usado para recuperar músculo cardíaco

da Reuters

A fase inicial de testes humanos sobre um tratamento para insuficiência cardíaca que envolve o uso de células musculares e da medula óssea para renovação de tecidos pode ser uma nova possibilidade para a cardiologia.

"Estamos na infância da aplicação destas técnicas", disse Patrick Serruys, do Thorax Center, em Roterdã (Holanda), durante encontro da American Heart Association.

Serruys é o coordenador do primeiro teste humano do uso de células musculares chamadas de mioblastos na regeneração de tecido cardíaco. O estudo foi financiado pela empresa Bioheart Inc., de Fort Lauderdale (Flórida), proprietária da patente do procedimento.

Os danos cardíacos decorrentes de infarto provocam uma série de doenças que matam milhões de pessoas anualmente. Até agora, o prejuízo muscular era considerado irreversível.

A equipe retirou células musculares de uma mulher de 78 anos com doença coronariana e que já havia passado por um infarto, distúrbios que reduziram em 39% a capacidade de bombeamento do órgão. As células foram cultivadas e injetadas na região afetada do coração através de um cateter.

Após um e três meses, a paciente apresentou melhora no índice que mede doença cardíaca e não havia limitações nas atividades físicas decorrentes da doença. Após três meses, o coração estava trabalhando com 45% de eficiência e havia uma pequena quantidade desejável de espaçamento da parede, perto da área do implante, informou a equipe.

Em outro estudo, Philippe Menasche, do Hospital Bichat, em Paris, apresentou o caso dos primeiros nove pacientes submetidos ao implante cirúrgico de células musculares da coxa no tecido cardíaco danificado junto com uma cirurgia de ponte cardíaca.

Um paciente morreu por causa não relacionada. Os outros oito apresentaram uma média de 11% de aumento na capacidade cardíaca de bombeamento. Também houve espaçamento no local do implante das células.

Menasche sugeriu que o enxerto poderia ser usado para tratar tecido cicatricial. Para ele, as células-tronco de medula óssea -capazes de produzir sinais que levam à produção de novas células -poderiam ser o melhor método para o tratamento de vítimas de enfarte recente. Na sua opinião, estas células não seriam o melhor tratamento para cicatrizes de tecido fibroso porque poderiam provocar tumores benignos.

Em um terceiro estudo, pesquisadores do Centro Médico Kansai, em Osaka (Japão), injetaram células de medula óssea nas pernas de 11 pacientes que apresentavam morte de tecido por falta de suprimento sanguíneo.

As medidas de pressão sanguínea registradas nos tornozelos das pernas afetadas melhoraram de uma média de 0,26 para 0,41 em quatro semanas após a injeção, informou Hiroaki Matsubara.

Houve desenvolvimento vascular nos membros de alguns pacientes e o fluxo para as áreas afetadas aumentou. Dez voluntários tiveram alívio total da dor e o restante conseguiu caminhar em uma esteira por um período maior antes de sentir dor, informaram os pesquisadores.
 

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