Reuters
18/11/2001 - 21h27

Egoísmo dos países ricos trava luta contra pobreza, diz diretor do FMI

da Reuters, em Ottawa

As conversações sobre como melhorar as vidas de milhares de pobres terminaram em disputa no fim de semana. Os Estados Unidos insistem que seu plano é "honesto", enquanto a Grã-Bretanha classificou a proposta de "uma loucura".

Os países mais ricos do mundo concordaram que desejam reduzir pela metade a quantidade de pessoas que vivem na pobreza até 2015.

Mas, diante da perspectiva de recessão mundial após os ataques de 11 de setembro, a maioria das nações concorda com a necessidade de novas medidas em relação ao objetivo.

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Horst Koehler, interveio no fim de semana na discussão e acusou os países ricos de serem "egoístas".

"Há um grande problema na luta contra a pobreza, e é o egoísmo dos países avançados", disse Koehler.

O Banco Mundial, encarregado de combater a pobreza, quer que os países dobrem as doações para programas de desenvolvimento. Mas não houve promessa concreta em Ottawa.

"Não esperávamos que trouxessem suas carteiras à reunião. Gostaria que fosse assim, mas não foi", disse o presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn.

O comunicado de encerramento do Comitê de Estabelecimento de Políticas do banco mencionou que vários ministros falaram da necessidade de mais ajuda, mas Wolfensohn disse que não houve consenso.

No ano passado, a ajuda das nações mais ricas caiu ao nível mais baixo, ou 0,22% do produto, segundo o fundo Oxfam. A ONU recomenda 0,7% do produto em ajuda. A maioria dos países, inclusive os Estados Unidos, colabora com menos.

Os Estados Unidos propõem que o braço financeiro do Banco Mundial, a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), entregue 50 por cento dos fundos em forma de doações, no lugar de empréstimos.

"Com este chamado a dar dinheiro em vez de empréstimos, o presidente (dos Estados Unidos) incita o mundo a ser honesto em respeito a estas coisas", disse o secretário do Tesouro dos EUA, Paul O'Neill

A proposta de doar 50% do fundo encontrou resistência, principalmente na Europa.

"É uma loucura", disse à Reuters Clare Shot, ministro do Desenvolvimento da Grã-Bretanha. "É uma idéia muito ruim."
 

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