Reuters
20/11/2001 - 13h23

Ex-rebelde usa eleição em Kosovo como arma para independência

da Reuters, em Prekaz (Iugoslávia)

O ex-guerrilheiro albanês da Província de Kosovo Imer Dirana eleito para o governo do país, que será controlado pela ONU (Organização das Nações Unidas), irá trabalhar pela independência em relação à Iugoslávia.

A eleição geral do sábado passado (17) em Kosovo escolheu um regime de autogoverno a ser controlado pela ONU, mas Dirana e outros moradores da cidade de Prekaz, uma ex-base do grupo rebelde que lutou contra as forças sérvias em 1998 e 1999, querem mais que isso. "Nosso objetivo é conseguir a independência o mais cedo possível. Esse é o desejo de todos os albaneses que vivem aqui", disse o veterano de guerra.

Depois da eleição tida como histórica pelo Ocidente, Dirana e um amigo visitaram a pequena vila para lembrar a morte do líder guerrilheiro Adem Jashari, que se tornou uma lenda em meio a seu povo.

Em um combate que ajudou a ampliar a rebelião contra o governo repressivo imposto pela Iugoslávia, as forças sérvias cercaram e atacaram a casa da família Jashari no começo de março de 1998.

Depois de três dias de intensos combates, Jashari, um dos fundadores da guerrilha Exército de Libertação de Kosovo (KLA), foi morto junto com seu pai, irmão, dois de seus filhos, além de outros 15 membros da família, entre as quais mulheres e meninas também foram vitimadas.

No total, mais de 50 albaneses morreram em Prekaz, e seus corpos encontram-se atualmente enterrados em fileiras nas montanhas que ficam perto da vila. "Acho que meu voto irá ajudar a realizar o desejo das pessoas que continuam aqui: independência", afirmou Dirana.

Kosovo continua oficialmente a ser parte da Iugoslávia, mas vem sendo administrada de fato como um protetorado internacional desde que os bombardeios da Otan) colocaram fim à repressão sérvia contra a maioria albanesa da região em 1999.

As potências ocidentais acreditam que os líderes albaneses não irão pressionar de modo muito contundente, por enquanto, na questão da independência. Elas insistem que esse não é o momento certo para discutir a questão do status final de Kosovo e pedem que os novos líderes eleitos da região concentrem-se na construção da democracia e no restabelecimento da unidade abalada pelo conflito entre albaneses e sérvios.

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