Reuters
22/11/2001 - 15h54

Submarino planeja lançar ações após equilibrar contas

da Reuters

O site de comércio eletrônico Submarino aguarda apenas atingir o equilíbrio operacional, chamado "break even", para fazer uma oferta inicial de ações em bolsa, mais especificamente no Novo Mercado da Bovespa. A expectativa da empresa, que tem entre seus acionistas o GP Investimentos, é empatar receitas e despesas em meados de 2002.

"Nós estamos prontos para abrir o capital, mas achamos que não é o momento", disse em entrevista o diretor-geral do Submarino, Murillo Tavares.

"Queremos captar após o 'break even' e acreditamos que a iniciativa do Novo Mercado vai trazer um maior realismo ao valor das empresas, e nós queremos ser uma delas", acrescentou, afirmando que não existe a intenção de emitir ações no exterior.

O Novo Mercado da Bovespa estreou em junho passado com objetivo de ampliar o direito de voto para os acionistas não controladores das companhias. O projeto busca atrair empresas dispostas a cumprir regras de transparência e de boa governança.

Pelos cálculos do executivo, a empresa precisa faturar 13 milhões de reais por mês para ter fluxo de caixa positivo, medido pelo conceito de lucros antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda). Graças às vendas de Natal, Tavares espera um Ebitda positivo já em dezembro, com receita estimada em 16 milhões de reais.

Se o Submarino atingir o objetivo de faturar R$ 36 milhões no último trimestre de 2001, as vendas no ano ficarão em cerca de R$ 80 milhões, o triplo das alcançadas em 2001. Desde o início das operações, em 1999, o site já recebeu três injeções de capital, que totalizaram quase R$ 106 milhões.

Dados de uma pesquisa feita pelo The Boston Consulting Group e Visa International indicam que o e-commerce vai movimentar US$ 906 milhões no Brasil em 2001, ou 71% do mercado na América Latina.

Independência

Sobre alguma possível união com uma empresa no mundo físico, Tavares disse que o site já conversou com muitas companhias de e-commerce, varejo e mídia, mas evitou citar exemplos. "Claramente nós temos que provar o modelo de negócios (de canal de vendas na web). Quando isso acontecer, vamos virar a noiva bonita."

O executivo explicou que o Submarino já pensou em trazer varejistas offline para dentro do site, como faz a Amazon.com nos EUA, "mas as questões tributárias no Brasil são mais complicadas".

"O primeiro problema é estabelecer de quem seria o faturamento: meu ou do parceiro do Submarino, o que envolve as contribuições PIS/Cofins", disse Tavares. "O melhor cenário é a independência."

Desinvestimento

Depois de chegar a ter presença em cinco países, o Submarino está desde julho apenas em solo nacional. A saída dos outros mercados começou em maio, quando a empresa vendeu a subsidiária na Espanha para o Carrefour e encerrou operações na Argentina e em Portugal. Dois meses depois, as atividades no México foram vendidas ao grupo de comunicação local Televisa.

"Quando fizemos o plano plurianual no começo deste ano, vimos que o mercado de e-commerce na Argentina e em Portugal não vai existir pelo menos por um horizonte de oito a dez anos. No caso da Espanha, o mercado é muito menor do que os analistas estimavam. Para nós, era um investimento de muito longo prazo e de retorno duvidoso", justificou Tavares.

No México, a Televisa fez uma oferta de compra da unidade do Submarino naquele país. "Em vez de continuar investindo lá, levantamos capital que trouxe maior conforto financeiro."

Nos Correios

O projeto do governo de colocar computadores com Internet nas agências dos Correios é visto como oportunidade para o Submarino. Ainda este ano deve começar o processo de licitação e, segundo o presidente Fernando Henrique Cardoso, até o primeiro trimestre de 2002, 4.000 quiosques serão instalados nas agências de cidades com mais de 10 mil habitantes.

"Estamos muito interessados no projeto. Como somos o maior parceiro dos Correios, estamos conversando bastante com eles sobre o assunto", disse Tavares.

Para garantir a eficiência da logística do Submarino, funcionários dos Correios e de outras duas empresas de entregas operam dentro do Centro de Distribuição do site, na Barra Funda, com empregados próprios trabalhando no local. O Submarino tem hoje quase 300 empregados e 65 mil produtos diferentes em estoque.

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