Neto de ex-rei afegão diz que cúpula em Bonn é "1º passo"
da Reuters, em RomaUm importante assessor do antigo rei do Afeganistão manifestou seu apoio ontem às negociações pela unidade do país patrocinadas pela ONU (Organização das Nações Unidas), dizendo que elas não devem resolver todos os problemas, mas representam um importante passo adiante.
A delegação que vai representar o ex-rei Mohammad Zahir Shah deixou Roma ontem para participar das negociações, que têm o objetivo de apontar o caminho para a formação de um novo governo em um Afeganistão destruído após a queda do regime Taleban.
"Todo afegão sofreu. Após tantos anos de lutas, a confiança se foi", disse Mostapha Zahir, neto do antigo rei e membro da delegação, ao partir para a Alemanha, sede da reunião. "É improvável que as conversas em Bonn resolvam todos os problemas, mas são um importante primeiro passo", ele disse.
O ex-monarca de 87 anos está mandando uma delegação de oito pessoas a Bonn (Alemanha), incluindo duas mulheres, numa clara demonstração de que os dois sexos têm um importante papel a cumprir no novo Afeganistão.
"É essencial chegar a um acordo sobre a composição do Conselho Supremo, uma instituição política que todos desejam. Ela abriria caminho para a convocação e emergência da Loya Jirga (grande conselho)", disse Zahir.
"Eu acho que, no geral, todos concordam com essa parte, mas agora nós precisamos avançar com relação aos pequenos detalhes e sobre como proceder", completou.
A ONU sugeriu que as negociações podem durar até duas semanas. A organização já adiantou um plano de dois anos para a formação de um governo aprovado pela tradicional Loya Jirga, que representa os vários grupos étnicos do Afeganistão.
"Cabe a nós, afegãos, iniciar o processo de reconciliação, a garantir direitos a todos os grupos étnicos de forma que todos tenham igual representação, que a voz de todos seja ouvida e que todos possam participar na vida social, econômica e política do país, incluindo o papel fundamental das mulheres", disse Zahir.
As negociações, que deveriam começar na segunda-feira, foram adiadas em um dia por razões de logística. O atraso permitirá que os participantes se iniciem informalmente as conversas. Zahir disse que os encontros informais antes da conferência podem ajudar na busca por um acordo.
"Normalmente, no Afeganistão, reuniões informais são a melhor maneira de se chegar a um consenso", disse.
