Reuters
26/11/2001 - 11h01

Anúncio de clone humano causa controvérsia nos EUA

da Reuters, em Washington

O anúncio feito por uma empresa dos EUA de que, pela primeira vez, clonou um embrião humano, desencadeou um acirrado debate sobre a ética na pesquisa. O presidente George W. Bush afirmou ser totalmente contrário à clonagem de embriões humanos.

A empresa de biotecnologia Advanced Cell Technology Inc. (ACT), sediada em Worcester, Massachusetts, disse que o sucesso alcançado não visa criar um ser humano, mas utilizar o embrião para extrair as células-tronco, a fim de tratar doenças que variam desde o mal de Parkinson até o diabetes juvenil.

No entanto, horas depois do anúncio, a pesquisa foi atacada por grupos religiosos e importantes líderes políticos dos EUA, tanto republicanos como democratas.

"Alguns podem chamar isso de um avanço médico. Acredito ser um retrocesso moral", afirmou numa declaração o presidente da Aliança Nacional Católica e ex-embaixador dos EUA no Vaticano, Raymond Flynn.

"A reprodução humana está agora nas mãos dos homens, quando, justamente, pertence às mãos de Deus."

Embora muitos animais tenham sido clonados repetidas vezes desde a ovelha Dolly, em 1997, e apesar de não existir nenhum empecilho técnico para fazer um ser humano clonado de um embrião, o sucesso da empresa ACT ultrapassou uma barreira que deixou desconforto ao redor do mundo.

O vice-presidente da ACT, Joe Cibelli, que liderou a pesquisa, disse que sua equipe havia usado a tecnologia tradicional de clonagem, utilizando um óvulo e uma célula da pele humana. A equipe removeu o DNA do óvulo e o substituiu com o DNA do núcleo da célula adulta.

O óvulo começou a se dividir, como se ele tivesse sido fecundado por um esperma, mas foi impedido de se tornar um bebê -na fase em que ainda era um corpo de células. A mesma tecnologia tem sido usada para clonar ovelhas, gado e macacos.

A empresa estava tentando enfatizar que não tinha a intenção de criar fileiras de bebês geneticamente idênticos. "Nosso objetivo não é criar seres humanos clonados, mas fazer terapias que salvem vidas para uma vasta gama de doenças humanas, incluindo diabetes, derrames cerebrais, câncer, Aids e distúrbios neurológicos, tais como o mal de Parkinson e a doença de Alzheimer", afirmou numa declaração outro vice-presidente da ACT, Dr. Robert Lanza.
Apesar dessas garantias, houve reações por parte da Casa Branca.

"O presidente é 100% contrário a qualquer clonagem de embriões humanos", afirmou um assessor da Casa Branca.

O Congresso dos EUA está tentando proibir a clonagem humana. Uma proposta de lei está sendo analisada pelo Senado, onde os legisladores expressaram seu alarme diante das notícias de domingo.

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