Reuters
28/11/2001 - 17h20

Vietnã aprova acordo comercial histórico com os EUA

DAVID BRUNNSTROM
da Reuters, em Hanói

O Vietnã aprovou na quarta-feira um acordo histórico para normalizar o comércio com o antigo inimigo norte-americano. A Assembléia Nacional teve 278 votos a favor e 85 contra o pacto de abertura de mercado, que foi aprovado pelos Estados Unidos no mês passado.

O acordo comercial, que levou anos para ser negociado e dezesseis meses para ser integralmente aprovado, depois de assinado em 2000, vai finalmente tirar o Vietnã da lista de países, incluindo a Coréia do Norte, o Afeganistão, a Sérvia e Cuba, que não têm relações comerciais com os Estados Unidos.

Segundo economistas, o Vietnã vai sentir os benefícios mais imediatos com o corte de 40 para 4% cento nas tarifas de exportação.

O ministro do comércio, Vu Khoan, disse em uma coletiva que os dois países estão completando formalidades legais para permitir a entrada em vigor do acordo, prevista para o início do ano que vem.

O encarregado de negócios norte-americano, Robert Porter, disse que os Estados Unidos acreditam que o acordo começaria a vigorar até o final do ano e seria muito produtivo para acabar com a desconfiança remanescente da Guerra do Vietnã.

"É a prova de que os dois países estão iniciando um relacionamento mais amplo e aberto", disse ele em uma mensagem via fax.

Vu Khoan disse que a aliança entre os Estados Unidos e o Vietnã deve ser baseada no respeito mútuo pela independência e não-interferência nos assuntos internos de cada um.

Do Van Tai, chefe do departamento de relações exteriores da assembléia, disse que os votos a favor do acordo teriam sido mais numerosos caso a lei que condiciona uma eventual ajuda dos Estados Unidos ao país a um maior respeito aos direitos humanos por parte do Vietnã, não tivesse sido aprovada este ano pela Câmara dos Estados Unidos,.

VIETNAMITAS CRITICAM HIPOCRISIA

Membros da assembléia voltaram a pedir a anulação da lei, argumentando que a mesma representa uma hipocrisia, tendo em vista os danos causados pelos Estados Unidos ao Vietnã durante a guerra, que culminou com a vitória comunista em 1975.

Os Estados Unidos impuseram um embargo comercial ao Vietnã até 1994, um ano antes da normalização de laços diplomáticos entre os dois países, durante o governo Clinton.

Segundo diplomatas, se implementado de forma correta, o acordo poderá facilitar uma eventual entrada do Vietnã na Organização Mundial do Comércio.

Khoan disse que a Assembléia Nacional instruiu o governo a tomar medidas para um maior controle sobre os direitos de propriedade intelectual, um requisito essencial do acordo, e admitiu que a implementação das leis existentes constituía um problema.

Segundo ele, serão necessárias negociações futuras com os Estados Unidos para um eventual acordo sobre a importação de têxteis.

No início do ano, analistas disseram que o acordo comercial poderia duplicar as exportações anuais do Vietnã para os Estados Unidos para mais de US$ 1 bilhão dentro de um ou dois anos.

As previsões tornaram-se menos otimistas depois dos ataques de 11 de setembro aos Estados Unidos, que causaram um esfriamento da economia mundial.

Mesmo assim, Kazi Matin, principal economista do Banco Mundial em Hanói, disse a repórteres que o "Vietnã pode esperar um aumento nas exportações aos Estados Unidos em 2002, e provavelmente um crescimento ainda mais rápido em 2003 e 2004, quando a economia começar a se recuperar".
 

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