Sozinhos, pashtus têm poucas chances de derrotar Taleban
da Reuters, em Quetta (Paquistão)As tribos pashtus do sul do Afeganistão estão marchando contra o Taleban, que está cercado em seu quartel-general de Candahar, mas poucos acreditam que os chefes tribais da etnia têm poder militar para conseguir, sozinhos, pôr um fim à guerra no Afeganistão.
Ao contrário da Aliança do Norte, que atacou o Taleban a partir do norte do país depois de semanas de bombardeios aéreos norte-americanos, os pashtus do sul não possuem um exército formado para lutar contra os combatentes fundamentalistas.
Ao mesmo tempo, o desembarque de cerca de mil marines (fuzileiros navais) norte-americanos em um campo de pouso a sudoeste de Candahar não é suficiente para enfrentar a milícia Taleban.
"Acho que o principal motivo do desembarque dos marines é que as tribos pashtus do sul não têm poderio militar nem coragem suficientes", disse Charles Heyman, editor da Jane's World Armies, hoje.
Por enquanto, as forças norte-americanas vão tentar, com os combatentes pashtus, fechar o cerco sobre o quartel-general do líder supremo do Taleban, mulá Mohamad Omar.
Parte desse objetivo já foi alcançado depois que o ex-governador de Candahar, Gul Agha, e o monarquista Hamid Karzai tomaram a cidade de Takhta Pul na última sexta-feira (23), cortando a via de fornecimento de Candahar com a fronteira do Paquistão.
Chefes das tribos Noorzai e Achakzai também estão negociando com os comandantes do Taleban a rendição da cidade de Spin Boldak, a poucos quilômetros da fronteira.
Há informações de levantes de tribos locais em várias províncias vizinhas, incluindo Helmand, Zabol, Farah e Uruzgan.
A captura de Takhta Pul teria ocorrido depois de pesados bombardeios norte-americanos. A frota aérea dos Estados Unidos também estaria defendendo os combatentes da oposição dos contra-ataques do Taleban.
Segundo um comandante que combate com Gul Agha, as tropas de Agha teriam de 2.500 a 3.000 soldados. O comandante, que não quer ser identificado, disse que os combatentes usam armas e artilharia leves e uniformes fornecidos pelos Estados Unidos.
Ele disse que as forças de oposição estão confiantes em relação à tomada de Candahar porque as tropas do Taleban estavam se rendendo.
Mas a força anti-Taleban não parece grande ou poderosa o suficiente para capturar o quartel-general do Taleban, que pode estar sendo defendido por até 17 mil soldados e centenas de tanques.
Izatullah Wasifi, filho de um assessor do ex-monarca afegão, Zahir Shah, que foi deposto em 1973, admitiu a falta de união dos pashtus nos últimos anos.
Muitos líderes tribais foram assassinados; outros foram exilados nos Estados Unidos ou na Europa devido à hostilidade do Paquistão durante os anos em que Islamabad patrocinou o Taleban.
Karzai, que chegou ao Afeganistão pouco depois do início da campanha aérea norte-americana, em 7 de outubro, acredita nas negociações e tem tentando convencer as tribos locais e comandantes do Taleban a mudar de lado ou depor as armas. A chegada de tropas terrestres norte-americanas não mudou esse cenário, disse ele. "Continua sendo um jogo de negociações."
Heyman disse que a negociação dos termos de rendição foi importante, mas não suficiente. Mais cedo ou mais tarde, o combate corpo-a-corpo em Candahar deverá ser iniciado, segundo ele.
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