Reuters
07/12/2001 - 15h50

EUA aprovaram invasão indonésia de Timor Leste, diz documento

da Reuters, em Washington

Em 1975, o então presidente dos Estados Unidos, Gerald Ford, e o então secretário de Estado do país, Henry Kissinger, aprovaram o plano do homem forte da Indonésia, Suharto, de invadir e conquistar Timor Leste, em uma operação que deixou provavelmente 2.000 mortos, revelaram documentos secretos divulgados ontem.

Kissinger declarou recentemente só ter ficado sabendo dos planos no aeroporto quando ele e Ford preparavam-se para voltar para os EUA depois de um encontro com Suharto em Jacarta (capital indonésia) na véspera da invasão de 7 de dezembro.

O ex-secretário também argumentou que qualquer aprovação norte-americana para a invasão teria de ser interpretada dentro do contexto da Guerra Fria -os comunistas haviam acabado de vencer no Vietnã e os EUA temiam um efeito dominó no resto do Sudeste Asiático.

A incursão indonésia detonou uma ocupação violenta de Timor Leste, uma ex-colônia portuguesa, ocupação essa que terminou apenas em 1999.

À época da invasão de 1975, os EUA forneciam até 90% do arsenal indonésio sob a condição de que o país só usasse seu poderio militar para a defesa e para garantir a segurança interna.

Ford e Kissinger parecem ter se esforçado para garantir a Suharto, um inveterado anticomunista, que os EUA não se oporiam à invasão, que visava impedir que Timor Leste se afastasse da Indonésia.

"Queremos contar com sua compreensão caso consideremos necessário realizar uma ação rápida ou drástica", disse Suharto aos dois, segundo os documentos divulgados.

"Nós compreenderemos e não o pressionaremos nessa questã", respondeu Ford, segundo os registros do Departamento de Estado a respeito da conversa, mantida em segredo por vários anos.

Kissinger observou que o "uso de armas fabricadas pelos EUA poderia criar problemas", mas disse que "tudo depende de como será feito. Se a operação será de defesa ou uma operação internacional".
 

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