Reuters
11/12/2001 - 16h24

Ataques do ETA contra França são suicídio, diz ex-militante

da Reuters, em Paris

O fundador do grupo separatista basco ETA (Pátria Basca e Liberdade) disse que o movimento estaria cometendo suicídio se, como pareceu, estivesse estendendo sua campanha de ataques a bomba e assassinatos até a França.

Julen de Madariaga, que criou o grupo nos anos 50 e já foi o líder da organização, disse a um jornal francês que os ataques recentes a policiais na região basca no sudoeste da França seriam provavelmente algo encomendado e não eventos isolados.

A polícia francesa suspeita que o ETA, que luta pela independência dos bascos ao norte da Espanha e sudoeste da França, esteja cada vez mais atuante em solo francês depois de uma série de ataques que deixou um policial à beira da morte.

"O certo é que um militante não pode ter a incumbência de abrir fogo. Se fizeram isto, foi porque receberam ordens para fazê-lo", disse Madariaga numa entrevista ao jornal "Le Monde".

Madariaga, que desistiu da violência apesar de ainda tentar uma solução política para a questão basca, disse que ainda era muito cedo para ter certeza de uma mudança na estratégia do ETA.

"Se fosse o caso, diria que foi um duplo suicídio. Abrir uma frente na França ao mesmo tempo que na Espanha é uma forma perfeita de cometer suicídio militarmente e também politicamente, se considerarmos a rejeição global daqueles que praticam a violência, desde os acontecimentos de 11 de setembro", disse ele.

Madariaga disse que o ETA, que matou mais de 800 pessoas em mais de três décadas de campanha para um Estado basco, não encontrou dificuldades para recrutar novos militantes, e que os atuais líderes eram jovens em torno de 20 anos.

Ele disse estar desgostoso em ver como o movimento se radicalizou em vez de renunciar à violência quando o braço político representado por Herri Batasuna foi um fiasco nas últimas eleições.

Também criticou os ataques recentes a policiais bascos -conhecidos como os Ertzaintza- que foram alvos do ETA apesar de não serem controlados pelo governo federal.

"Os ativistas do ETA carecem de uma certa inteligência de análise", disse ele.

Também disse que ataques sem alvo que matam inocentes só servem para aumentar o apoio do resto do mundo à ofensiva do governo espanhol contra o grupo.

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