Reuters
14/12/2001 - 18h59

Ex-presidente do Irã incita palestinos a pegar em armas

da Reuters, em Teerã

O ex-presidente do Irã Akbar Hashemi Rafsanjani incitou os palestinos hoje a pegarem as armas dos "mártires" que lutaram contra Israel, enquanto milhares de iranianos protestavam contra o Estado judaico.

As manifestações em todo país organizadas por extremistas islâmicos foram um ato de desafio a países ocidentais que pressionaram o Irã a parar de apoiar grupos militantes palestinos que matam civis israelenses em ataques suicidas.

Na capital Teerã, o ex-presidente Rafsanjani deixou claro que os conservadores em seu país não tinham a intenção de permitir que o Irã abandone os grupos radicais Hamas e Jihad Islâmica, considerados organizações "terroristas" pelos Estados Unidos e União Européia.

"Terroristas são aqueles que atacam pessoas e suas casas com tanques e helicópteros, não os jovens que não têm outro recurso a não ser amarrar uma bomba na cintura e sacrificar a vida", disse Rafsanjani, que agora é chefe de um importante órgão de elaboração de políticas no Irã.

O Hamas e a Jihad Islâmica assumiram vários ataques suicidas que mataram 29 pessoas nas duas últimas semanas, ameaçando os esforços diplomáticos que tentam encerrar quase 15 meses de violência entre palestinos e israelenses.

"A Intifada (levante palestino) tem raízes profundas. Pode haver altos e baixos, mas não será apagada. O sangue de milhares de mártires derramado injustamente ao longo dos anos convida as pessoas a pegarem as armas que estão no chão", disse Rafsanjani.


Pressão
Estados Unidos, Inglaterra e outros países ocidentais pediram que o Irã pare de apoiar o Hamas e a Jihad Islâmica, bem como o Hizbollah do Líbano, antes de concordarem em manter relações mais próximas com a república islâmica.

Mas Rafsanjani defendeu os militantes como sendo combatentes da liberdade que travam uma luta legítima contra a ocupação israelense.

Apesar de não ser mais uma autoridade eleita do governo, Rafsanjani ainda conserva um grau considerável de influência como líder do Conselho de Expediente do Irã, que estabelece as principais políticas do país, incluindo as relações internacionais. Também é um dos conselheiros do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.

"Israel não deveria enganar-se com suas armas modernas e bombas atômicas. Os palestinos encontraram uma arma mais poderosa, as operações suicidas", disse.

O Irã organiza manifestações todos os anos, na última sexta-feira do mês sagrado do Ramadã, para prestar solidariedade aos palestinos.

As passeatas são organizadas por conservadores que têm uma posição mais extremista em relação a Israel e ao Ocidente do que o atual presidente do Irã, Mohammad Khatami.

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