Reuters
17/12/2001 - 09h30

Índia promete se defender e Paquistão prevê retaliação

da Reuters, Nova Déli

A Índia advertiu hoje sobre as graves punições que seriam impostas a qualquer um que se atrevesse a colocar em perigo sua segurança nacional.

As declarações foram dadas em meio a uma tensão cada vez maior nas relações com o rival nuclear Paquistão, depois do ataque contra o Parlamento indiano na semana passada.

O governo paquistanês ameaçou responder energicamente caso seja agredido, enquanto um ministro da Índia declarava que todas as opções, incluindo o ataque a bases das guerrilhas no território do país vizinho, estão sendo consideradas.

Os investigadores da polícia indiana acusam grupos guerrilheiros com sede no Paquistão, que teriam recebido armas dos serviços de inteligência paquistaneses, pelo ataque no qual morreram 13 pessoas, entre as quais todos os cinco agressores.

"Qualquer um que ameace nossa segurança terá de enfrentar as consequências", declarou hoje o ministro do Interior da Índia, Lal Krishna Advani.

O primeiro-ministro do país, Atal Behari Vajpayee, que afirmou no final de semana que seu governo atingia seu limite de tolerância ao terrorismo, convocou um encontro de gabinete a fim de analisar a situação.

"O governo estuda todas as opções", disse Advani quando questionado se a Índia pensava em perseguir os ativistas que possuem bases no Paquistão.

Os líderes paquistaneses disseram que as acusações da Índia eram mentirosas e prometeram uma dura resposta no caso de um ataque militar.

A Índia e o Paquistão, que realizaram explosões nucleares na metade de 1998, estiveram em guerra por três vezes desde a independência, em 1947. Dois conflitos foram provocados pela disputa em torno da Caxemira.

Investigação conjunta

O governo paquistanês condenou o ataque ao Parlamento e reiterou sua oferta para a realização de uma investigação conjunta.

Cinco homens foram mortos pelas forças de segurança da Índia quando atacaram o complexo do Parlamento com armas e granadas. Oito pessoas morreram além dos agressores, que seriam todos paquistaneses.

"Estamos prontos para dar-lhes as garantias de que, sob uma investigação conjunta, puniremos qualquer um no Paquistão que tenha envolvimento com o ataque", afirmou o porta-voz do dirigente paquistanês, general Pervez Musharraf.

Mas Advani disse ter dúvidas sobre a oferta do vizinho e apelou ao Paquistão para que suspendesse seu apoio às milícias separatistas que atuam na parte indiana da Caxemira, região de maioria islâmica.

Parlamentares indianos do governo e da oposição pediram que o governo lançasse ataques contra os campos das guerrilhas que existiriam no Paquistão.

Analistas e editorialistas indianos, por sua vez, advertiram que uma ação militar contra as bases das guerrilhas poderia provocar uma guerra total na região. "Tanto a Índia quanto o Paquistão são países com capacidade nuclear e não podemos assumir o risco de brincarmos com isso", afirmou o analista Kapil Kak.

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