Reuters
17/12/2001 - 09h47

Turquia promete ajudar na reconstrução do Afeganistão

da Reuters, em Cabul(Afeganistão)

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ismail Cem, disse aos líderes afegãos hoje que Ancara faria o máximo possível para ajudar na reconstrução do devastado país.

Cem, membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) mais graduado a visitar Cabul desde a queda do Taleban, acompanhou a cerimônia de hasteamento da bandeira turca para marcar a abertura formal da embaixada do país em Cabul, também uma reivindicação simbólica de Ancara para desempenhar um papel na criação de uma nova ordem política no Afeganistão e na Ásia Central.

"Nossa mensagem para o povo afegão é que eles devem sabem que estamos com eles e estamos determinados a trazer nossa experiência para ajudar na reestruturação civil e militar", disse Cem.

O ministro também se reuniu com o líder da Aliança do Norte, Burhanuddin Rabbani, com o ministro da Defesa, Mohamad Fahim, e com o ministro do Interior, Yunis Qanuni. Não pôde se encontrar com o líder indicado do futuro governo interino Hamid Karzai, que teria viajado para Roma, onde vive o ex-rei Zahir Shah.

Cem chegou a Islamabad no fim da tarde de ontem, onde manteve contatos com o chanceler paquistanês, Abdul Sattar, antes de viajar hoje de manhã para a capital afegã.

"A Turquia não se permite ficar fora desse processo", disse um diplomata baseado em Ancara. "Eles têm seus interesses geoestratégicos, têm um certo respeito no Afeganistão e, acima de tudo, são um país islâmico", afirmou o diplomata.

A Turquia tem sido um dos aliados mais leais aos Estados Unidos na campanha para derrubar o Taleban e encontrar o homem considerado responsável pelos ataques de 11 de setembro a Nova York e Washington -Osama bin Laden.

Os turcos abriram seu espaço aéreo e suas bases aéreas para as forças norte-americanas, oferecendo sua contribuição para uma força de paz multinacional. Além disso, mantiveram relações com elementos da oposição no Afeganistão durante muitos anos depois da retirada das forças soviéticas em 1989 e ofereceram seus recursos de inteligência para os Estados Unidos.

Planejamento
Cem planejava voar até a cidade de Mazar-e-Sharif depois da abertura da embaixada para um rápido encontro com o comandante militar da Aliança do Norte, general Abdul Rashid Dostum.

Dostum inicialmente mostrou descontentamento com o governo interino mediado pelas Nações Unidas, que vai tomar posse em 22 de dezembro. A Turquia está claramente interessada em manter seu aliado mais próximo no Afeganistão no poder e a ajudar os Estados Unidos.

A visita de Cem acontece um dia depois que o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, fez uma visita relâmpago à base de Bagram -a primeira visita de um membro sênior da administração do presidente George W. Bush desde que ele deflagrou a guerra ao terrorismo.

Um membro islâmico turco do Parlamento disse recentemente que a Turquia, que tem uma constituição secular rígida, já tinha forças especiais operando no Afeganistão. Oficiais negam a afirmação.

"Pode haver alguns conselheiros em Dostum, mas eles estão lá há muito tempo", disse um oficial turco. A Turquia treina forças especiais há anos no Uzbequistão, nos Bálcãs e na Geórgia.

Os Estados Unidos ganharam apoio de várias repúblicas na Ásia Central para sua "campanha contra o terror" no Afeganistão, invadindo um território antes considerado por Moscou como seu domínio.

A Turquia vê a região, devido aos laços étnicos e linguísticos, como uma área natural de influência turca.

Não houve oposição pública ao envio das forças turcas ao Afeganistão. O exército turco, o segundo maior da Otan, já enviou forças no passado à Coréia e aos Bálcãs, entre outros lugares.

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