Reuters
26/12/2001 - 10h16

Índia e Paquistão têm momento mais tenso em 15 anos

da Reuters, em Nova Déli (Índia) e Islamabad (Paquistão)

Os líderes da Índia se reúnem hoje para discutir novas medidas em relação à crise com o Paquistão por causa da ação de militantes islâmicos da Caxemira. As autoridades paquistanesas prenderam o líder de um grupo suspeito de ter atacado o Parlamento em Nova Délhi.

Na reunião de hoje à noite, o gabinete pode decidir diminuir as atividades de sua embaixada em Islamabad e cancelar a permissão de vôos da empresa aérea Pakistan International Airlines. Os dois países, potências nucleares que travaram três guerras no século 20, enviaram mais tropas para a fronteira. É o momento mais tenso entre eles em quase 15 anos.

Na semana passada, a Índia convocou seu embaixador em Islamabad e expulsou um diplomata paquistanês sob acusação de espionagem.

Ainda não se sabe se a prisão de Maulana Azhar Masood, ocorrida ontem, vai melhorar o clima entre os dois países. Masood comanda o grupo separatista caxemir Jaish-e-Mohamad, com sede no Paquistão, país acusado pela Índia de dar apoio à rebelião muçulmana.

A prisão dele e de outros líderes militantes era um pedido da Índia.

Essas pessoas são acusadas de terem planejado a invasão suicida ao Parlamento indiano, no dia 13, que resultou na morte de 12 pessoas, entre os quais os cinco militantes.

O Paquistão condenou o ataque e prometeu agir contra seus responsáveis, caso fossem identificados. O Jaish-e-Mohamad e o Lashkar-e-Taiba negam envolvimento na ação.

Hoje, o ministro da Defesa indiano, George Fernandes, disse que o sistema de mísseis de seu país está "a postos", mas não deu mais detalhes. Como "medida de precaução", a Força Aérea preparou seus jatos nas bases perto da fronteira.

Durante a noite, houve troca de tiros entre tropas dos dois lados na fronteira disputada da Caxemira, a única região indiana de maioria muçulmana. Não houve feridos no lado indiano, segundo as autoridades locais.

No deserto do Rajastão, que tem 1.035 quilômetros de fronteira, a população está sendo treinada para blecautes, sobrevôo de caças e outras situações de guerra. Algumas aldeias próximas à fronteira estão sendo esvaziadas.

Além das demonstrações de força, há também uma guerra de palavras.

O primeiro-ministro indiano, Athal Behari Vajpayee, disse ontem que seu país "não quer a guerra, mas a guerra nos está sendo imposta e teremos de encará-la". Ele fez a declaração antes de saber da prisão de Masood.

A perspectiva de uma guerra também está abalando os mercados de ações, títulos e moedas estrangeiras na Índia. Das três guerras travadas desde a independência (1947), duas delas foram por causa da Caxemira. Em 1999, a região esteve perto de outro conflito, quando centenas de militantes entraram na parte indiana da Caxemira e foram rechaçados pelos militares.
 

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