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30/03/2004 - 03h08

A meca da pesquisa

CÍNTIA CARDOSO
da Folha de S.Paulo, em Nova York

A combinação é irresistível. Bolsas de estudo que asseguram um padrão de vida confortável, grade de professores formada até por ganhadores do Prêmio Nobel e investimentos estatais e privados nas pesquisas. Com essa etiqueta, os estudantes de pós-graduação nos EUA vêem na carreira acadêmica uma opção de estabilidade financeira e progresso educacional.

O fluxo de capitais de empresas e fundações para o custeio de bolsas e o próprio investimento do governo no setor fazem dos EUA uma espécie de paraíso de pesquisadores, mestrandos e doutorandos.

"Desde a Segunda Guerra Mundial, os EUA investem fortemente em políticas de educação voltadas para a pós-graduação. As empresas privadas despejam muitos dólares nesse tipo de programa, especialmente nas áreas de ciência e engenharia", avalia Debra W. Stuart, presidente do Conselho de Escolas de Pós-Graduação.

"Há o consenso de que aplicar recursos em pós-graduação é um excelente investimento", completa. Prova disso é que, para o ano fiscal de 2005 (que começa em junho deste ano), o governo federal destinou US$ 2 bilhões para a educação universitária (graduação e pós-graduação). A cifra corresponde a 1,9% do PIB. Sem contar o montante que virá da iniciativa privada.

Atualmente, a bolsa anual de um pesquisador em nível de mestrado (com recursos da própria universidade ou privados) nos Estados Unidos fica, em média, em torno de US$ 34 mil (cerca de R$ 100 mil).

O aluno recebe ainda uma quantia extra para cobrir os custos da anuidade do curso e, na maior parte dos casos, também do alojamento universitário. A anuidade de um curso de mestrado em relações internacionais —muito requisitado após o 11 de Setembro— custa US$ 30 mil na Universidade Columbia, em Nova York.

A abundância de recursos torna os EUA um pólo para a "migração de cérebros". Não por coincidência, o número de alunos estrangeiros na pós-graduação dos EUA representa 10% do total. De acordo com dados da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), há 7.672 estudantes brasileiros em universidades do país (somando graduação e pós-graduação).

Mais do que o estímulo financeiro, os estudantes que escolhem os EUA procuram oportunidades de diversificação de currículo e de aprofundamento em pesquisas que seriam mais escassas nos seus países de origem. "A diferença de estudar aqui aparece em exemplos práticos. Aqui, em vez de estudarmos pelos livros de Joseph Stiglitz [Nobel de Economia em 2001], as aulas são dadas por ele", diz a estudante portuguesa Clara Albuquerque. A aluna, que trocou Lisboa por Nova York, cursa o primeiro ano do mestrado em gestão pública da Universidade Columbia.

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