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25/05/2004 - 03h00

Escola para herdeiros

Giovana Girardi
free-lance para a Folha de S.Paulo

Enquanto aumenta a oferta de cursos que buscam especializar administradores para liderar diversos segmentos do mercado consumidor, algumas empresas familiares —mas nem por isso pequenas— enfrentam um problema diferente: como capacitar os herdeiros para assumir o comando dos negócios no futuro? O problema, que até há pouco tempo era discutido entre quatro paredes, ganhou as salas de aula.

A pioneira no assunto foi a Fundação Dom Cabral, de Minas, que, há cinco anos, criou em Belo Horizonte a PDA (Parceria para Desenvolvimento de Acionistas) e, desde o ano passado, atua também em São Paulo. No programa, várias famílias se reúnem para discutir a sucessão e tentar harmonizar os interesses dos gestores dos negócios com os dos herdeiros que não têm vontade, vocação ou talento para assumir funções executivas.

Segundo Roberto Faldini, que coordena o programa em São Paulo, participam das reuniões os membros da família que já estão à frente da empresa e as futuras gerações. Ele explica que esses encontros funcionam como fóruns para discutir as relações da família —no que concerne ao negócio, é claro— e também para mostrar aos futuros gestores e acionistas como controlar os empreendimentos. "Levamos em consideração as situações pessoais de cada herdeiro, preparando-os para conciliar seus projetos individuais com um comportamento de acionista", diz.

O programa conta ainda com palestras de professores brasileiros e estrangeiros que, além de orientar os empresários, apresentam experiências de outros lugares. "A natureza dos problemas nas empresas familiares é a mesma em qualquer país. Saber como elas solucionam os seus dilemas é enriquecedor", afirma Alden Lank, presidente do conselho executivo do Instituto da Empresa Familiar, que participa do programa da Dom Cabral.

Em São Paulo, cerca de 40 empresas fazem parte da primeira turma —que começou em 2003—, como o grupo Springer, que inscreveu 12 pessoas no curso. "Estamos nos preparando para lidar com os problemas antes de eles aparecerem", afirma Walter Sacca, presidente do grupo e um dos alunos do curso.

Na PUC-RS, outra iniciativa do gênero teve início neste mês. "Os pais querem que toda a família fique ao seu redor, mas tentamos mostrar que é normal querer ter uma carreira diferente", explica Paulo Tondo, que coordena o Centro para Empresas Familiares e organiza o curso de extensão "Gestão da empresa familiar - Desenvolvendo sócios e herdeiros". Ainda neste ano, outras duas universidades do Estado —a Unisinos e a Universidade Federal de Santa Maria— devem abrigar cursos nessa linha.

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