|
23/07/2002
-
02h32
Inteligência Emocional
GILSON SCHWARTZ colunista da Folha
Um ser estraçalhado por dilemas e tragédias morais, sentimentos a tal ponto confusos e auto-referenciados que a repetição neurótica tornou-se fonte de um suposto cálculo de prazer, o indivíduo pós-moderno transborda inteligência, mas trava na hora do tête-a-tête emocional.
A "inteligência emocional" tornou-se também moda e mercadoria, abrindo novos mercados para profissionais e consultores em praticamente todas as organizações públicas e privadas (até no sistema judiciário, onde temas que vão da adoção de filhos à partilha no divórcio exigem peritos que ajudem o juiz a desempenhar o seu papel).
Mas a expressão "inteligência emocional" é tão contraditória quanto outras que ganharam força na linguagem da sociedade da informação, como "capital humano", "gestão do conhecimento" e "capital social" .
Afinal, é a inteligência que disseca a emoção, a quantifica e controla ou é a emoção que vira a inteligência pelo avesso, apresentando dialéticas, poéticas, éticas, estéticas? A emoção transforma o sujeito ou nada mais é que um objeto a mais num sistema dominado pela inteligência?
No mundo das organizações, o desenho de novos sistemas de controle e gestão de recursos humanos há muito dá atenção aos distúrbios psicológicos de funcionários. Fora desse mundo, a inteligência emocional tornou-se uma mercadoria responsável por expressivos aumentos de vendas de livros num novo nicho, que se consagrou como o da "auto-ajuda".
Mas, afinal, que tipo de inteligência é essa?
Um grupo de especialistas (Mayer, Salovey, Caruso, e Sitarenios) construiu uma escala MEIS ("Multifactor Emotional Intelligence Scale" ou "Escala de Inteligência Emocional Multifatorial) e trata a inteligência emocional como uma inteligência qualquer. Ou seja, ela pode ser medida como uma habilidade, um sinal ou sintoma. É possível reconhecer emoções por meio de testes, a partir dessa observação também é possível analisar populações e identificar emoções mais complexas.
A inteligência emocional torna-se um campo da "psicometria". É algo que se treina e que se testa. Pode ser decisiva para se conseguir um emprego ou uma promoção, sem falar na situação hoje mais corriqueira que é a de evitar a própria demissão.Definição de Inteligência Emocional |
Habilidade de perceber, avaliar com precisão e expressar emoções; habilidade de mobilizar ou gerar sentimentos que facilitam o pensamento; habilidade de entender a emoção e o conhecimento emocional; habilidade de controlar emoções para promover o crescimento emocional e intelectual. | Conjunto de habilidades e competencies não-cognitivas que condicionam a capacidade de um indivíduo enfrentar demandas e pressões ambientais. | É uma competência emocional que resulta do aprendizado e leva a um melhor desempenho no trabalho. | Testes | Mayer, Salovey, Caruso | BarOn EQ-i |
Inventário de Competência Emocional | Método | Medida de habilidades
Inteligência Emocional | Auto-análise
Comportamento emocionalmente inteligente |
Observação
Competências |
Link relevante: www.emotionaliq.com/
Indicação de Leitura Técnica: Mayer, J. D., Salovey, P., Caruso, D. R., & Sitarenios, G. (2001). Emotional intelligence as a standard intelligence. Emotion, 1, 232-242
|
|
|