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Reportagens sobre o treinamento publicadas em outros veículos
22/10/2004

"Esqueça estilo, inovação, ousadia", aconselha ex-trainee da Folha

LUCIANA ARAUJO
3° ano de jornalismo

O programa de treinamento de jornalismo diário da Folha de S.Paulo dura dez semanas e proporciona ao participante o acompanhamento de todas as etapas da produção do jornal e da reportagem. Aos trainees são oferecidos cursos específicos, como aulas de português com o professor Pasquale Cipro Neto. O resultado do treinamento é a elaboração de um caderno especial com tema escolhido pelos próprios participantes.

Criado em 1988, o programa teve 400 candidatos inscritos. Hoje, o número de interessados já é cinco vezes maior – a última seleção contou com 2000 inscrições – e cerca de 90% daqueles que participaram do curso foram aproveitados pelo jornal.

Peneira - A primeira etapa do processo de seleção é a escolha de 150 fichas. Os requisitos baseiam-se na formação escolar, idiomas, experiência profissional, desenvolvimento pessoal do candidato e uma redação respondendo a clássica pergunta "Por que quero ser jornalista?"

Mas o que pesa mais? Ana Estela de Sousa Pinto, coordenadora responsável pelo programa de treinamento, garante que "cada um dos oito itens da ficha tem um peso relativo. Tudo é importante, mas pesa mais a formação escolar, a história de vida e a articulação do texto".

O destaque para esses itens não revela que haja no processo seletivo a busca de um "perfil-Folha" de jornalista, porque segundo Ana Estela ele não existe. "Cada caso é um caso. Um jornal é tanto melhor quanto mais diversidade tiver na sua equipe", destaca a coordenadora.

A heterogeneidade que a Folha busca apresentar em sua linha editorial é reforçada, em parte, pela falta de exigência do diploma de Jornalismo, o que estende a seleção dos candidatos. Qualquer um que se considere "talentoso" para o jornalismo pode se inscrever e por isso "mais ou menos a metade dos selecionados é de outro curso e, entre os jornalistas, pelo menos a metade faz também outro curso" diz Ana Estela.

A coordenadora também compara, "em termos gerais, os que fizeram ou fazem outro curso têm formação cultural ou técnica maior do que aqueles , que só estudam ou estudaram jornalismo".

Selecionadas as 150 fichas, os candidatos se submetem a um teste de conhecimentos gerais, que avalia o conhecimento da língua portuguesa, inglesa e espanhola, formação cultural, nível de acompanhamento do noticiário nacional e internacional, e até matemática.

A próxima etapa é a convocação dos 40 melhores classificados, para serem avaliados através de uma entrevista e participarem de uma semana de palestras. Destes, cerca de oito e dez são escolhidos.

Na última seleção para o programa de treinamento - que começou dia 22 de outubro de 2001 e foi até 22 de janeiro de deste ano - Shin Oliva Suzuki, aluno do 4º ano de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, foi um dos escolhidos.Suzuki dá uma dica para quem quer ser trainee, "o segredo é saber se você gosta realmente de jornalismo e se dedicar um pouco mais à profissão e tudo que a cerca".

Moedor de carne - Mas e quem já participou, o que diz do curso? Luís Souza - ex-aluno da Cásper, atual ECA (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) - participou do treinamento de 2001, e foi trainee durante um ano nas editorias de Esportes e Veículos. "O objetivo do curso, que é o de mostrar o funcionamento do jornal e assim preparar o trainee para trabalhar nele, é alcançado. Minha experiência foi válida", diz Souza.

Nem tudo são flores. Souza conta que não guarda apenas boas lembranças do treinamento, "O problema é que o curso suga sua energia, às vezes você fica lá 12 horas e se sente na obrigação de achar tudo legal, pois passou por um processo de seleção muito rigoroso".

Ele ainda recorda que "no primeiro dia, a instrutora disse que o curso é ‘um mini moedor de carne que prepara para o grande moedor de carne, que é a redação’". "De qualquer forma isso é uma insanidade!", desabafa.

Fôrma - Apesar de reconhecer o valor do curso,Estanislau Maria de Freitas faz críticas ao Projeto Folha e à padronização exagerada do jornal. "A visão é muito pragmática e voltada para a ‘linha de produção’. Esqueça estilo, inovações, ousadias. Isso fica para o Zé Simão. Para nós, fica o manual de redação com aqueles textos telegráficos, e o suposto jornalismo apartidário, pluralista, blábláblá". Freitas - atual assessor de imprensa da Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo - foi trainee em 1994 e ficou mais quatro anos na Folha .

Entre os pontos positivos, Freitas diz que "o programa de treinamento tem a vantagem de colocar o aluno de jornalismo em contato com a produção real e diária do jornal. Na faculdade é tudo muito romântico, imaginado e lento. É um choque! No trainee escrevi mais matérias do que nos quatro anos de ECA, onde me graduei".

Faculdade Cásper Líbero
biondi.fcl.com.br/facasper/jornalismo/reportagens/noticia.cfm?secao=11&codigo=30
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