Emilio Garrastazú Medici

4.dez.1905 - 9.out.1985

 

Chefe do SNI (Serviço Nacional de Segurança)


O voto positivo de Emilio Garrastazú Medici (4 de dezembro de 1905 a 9 de outubro de 1985) na reunião de 13 de dezembro de 68 foi o único a
dizer que os planos do presidente Costa e Silva estavam atrasados.

 

O chefe do SNI (Serviço Nacional de Informação) e futuro presidente disse que aprovava o Ato Institucional nº5 com “bastante satisfação”, mas relembrou que em reunião anterior do CSN (Conselho de Segurança Nacional), seis meses antes, já havia apontado a necessidade um ato institucional nos mesmos moldes do que aprovado naquela noite pelos 24 componentes da mesa.

 

Medici era um dos nove participantes da reunião que não ocupava a posição de ministro, mas sua posição à frente do SNI era relevante para o governo. Durante sua gestão, o SNI expandiu o rol de atividades: além de controlar a “ação subversiva” e a corrupção, passou a elaborar estudos de problemas poíticos, sociais e econômicos que assolavam o país. Foi nomeado para o cargo dois dias após a posse do presidente Costa e Silva, que já havia lhe indicado para adido militar em Washington, em 1964, e de quem era amigo.

 

Sua proximidade com Costa e Silva, presidente que sofreu uma isquemia cerebral e desocupou o cargo menos de um ano depois da reunião do palácio das Laranjeiras, vinha da época em que ambos ocupavam funções na Academia Militar das Agulhas Negras. Outro presidente com quem o gaúcho de Bagé teve contato era Getúlio Vargas. Medici havia apoiado a revolução de outubro de 30, em que havia sido nomeado capitão pelo chefe dos revolucionários, Vargas.

 

Em 25 de outubro de 69, tomou posse como presidente da República. No mesmo dia, entrou em vigor a nova Constituição brasileira que, no artigo 182, estendia a vigência do AI-5 até decisão contrária do presidente. Após um ano como chefe do Executivo, fez um discurso defendendo a manutenção do ato, ainda que somente para “inimigos do regime e os que lhe desejam a destruição”.

 

Durante seu governo, que durou até 15 de março de 74, a economia chegou a crescer 11,9% em um ano (72) e a renda per capita dos brasileiros cresceu 50%. Seu índice de aprovação popular chegou a 80% nesse período. Simul­
taneamente, milhares de pessoas foram torturadas e 300 foram mortas. Medici declarou, em 27 de fevereiro de 70, que a plena de mocracia era um ideal que o Brasil não havia alcançado e o que o AI-5 era necessário no processo
de abertura.

 

Morreu no Rio de Janeiro, em 9 de outubro de 85, após sofrer um derrame no ano anterior. Primeiro presidente não-militar desde 64, José Sarney não foi a seu velório. Foi casado com Scila Medici, com quem teve dois filhos. Era fã de futebol, e torcia para o Grêmio e para o Flamengo.

 

 

 

 

 

Ouça o áudio

 

 

Senhor presidente, senhores conselheiros, eu me sinto perfeitamente à vontade, senhor presidente, e por que não dizer com bastante satisfação em dar o meu “aprovo” ao documento que me é apresentado. Isso porque, sr. presidente, em uma reunião do conselho... do Conselho de Segurança, no desempenho das funções que vossa excelência me atribuiu como chefe do Serviço Nacional de Informações, tive oportunidade de fazer um minucioso relatório sobre a situação nacional brasileira e demonstrei aos conselheiros, por fatos e por ações, que o que estava na rua era a contra-revolução. Acredito, senhor presidente, que com sua formação democrática, foi Vossa Excelência tolerante por demais. Porque naquela oportunidade eu já solicitava a Vossa Excelência que fossem tomadas medidas excepcionais para combater a contra-revolução que estava na rua. Era só isso que eu tinha a dizer, senhor presidente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O voto positivo de Emilio Garrastazú Medici na reunião de 13 de dezembro de 68 foi o único a dizer que o Ato Institucional nº5 vinha com atraso. O chefe do SNI (Serviço Nacional de Informação) e futuro presidente disse que aprovava o texto com “bastante satisfação”, mas relembrou que em reunião anterior do CSN (Conselho de Segurança Nacional), seis meses antes, já havia apontado a necessidade uma medida nos mesmos moldes da que aprovada naquela noite pelos 24 componentes da mesa. Medici disse que a contra-revolução estava nas ruas e que o regime, até então, tinha sido “tolerante demais”.