Jayme Portella de Mello

11.jul.1911 - 4.out.1984

 

Chefe do Gabinete Militar


Militar da "linha dura", o general Jayme Portella foi um dos ministro mais poderosos do governo Costa e Silva. No discurso do deputado Márcio Moreira Alves na Câmara, acusando o Exército de tortura, viu o pretexto ideal para endurecer o regime. Usou a penetração que tinha junto às camadas mais intransigentes do oficialato para construir uma crise em torno do episódio, culminando no AI-5.

 

Depois de se afastar da política, Portella chegou a dizer para a imprensa que, não fosse a "revolução de 31 de março de 1964", sua carreira "certamente se estiolaria sob o severo ferrete de oficial golpista, reacionário e conspirador".

 

O general, considerado por Costa e Silva "um idealista em todos os sentidos", participou ativamente nos diversos movimentos conspiratórios que se desenrolaram após a morte de Getúlio Vargas.

 

Quando Café Filho sofreu um infarto e teve que ser internado, Portella embarcou no cruzador Tamandaré, em uma ação frustrada de instalar no Estado de São Paulo o governo recém impedido do presidente em exercício, Carlos Luz.

 

Fez parte das articulações para impedir a posse de Juscelino Kubitschek após o suicídio de Getúlio Vargas. Como punição, foi transferido para um posto na fronteira, em Nioaque, MT.

 

Participou ativamente da tentativa de impedir a posse constitucional do vice João Goulart, quando Jânio Quadros renunciou ao cargo, em 1961.

 

No ano seguinte, iniciou um esforço de penetração política nas unidades militares do Estado. Em represália à sua atividade conspiratória, foi designado para o Departamento de Pessoal do Estado-Maior do Exército (EME), chefiado por Costa e Silva. Iniciava-se ali a amizade entre os dois.

 

Com o golpe de 31 de março de 1964, que depôs Jango e trouxe Castello Branco ao poder, Costa e Silva tornou-se ministro da Guerra e nomeou Portella seu chefe de gabinete. Nessa função, articulou a candidatura de Costa e Silva para a presidência da República, contrariando os planos de Castelo Branco.

 

Dissolveu a chamada "linha dura" dos militares quando considerou que os objetivos desta "haviam sido cumpridos com a ascensão do marechal Costa e Silva ao poder". A "linha dura" pressionava o presidente porque temia a passividade de Costa e Silva diante da Frente Ampla, movimento político liderado por Carlos Lacerda e Juscelino Kubitscheck, com participação de João Goulart. A Frente tinha como objetivo restabelecer a democracia no país.

 

Durante a crise política que dividiu a Arena, partido do governo com maioria na Câmara dos Deputados, após a votação que decidiu em favor do deputado Moreira Alves, Portella foi o maior colaborador de Costa e Silva. Apaziguava os militares mais intolerantes, desestimulando as tentativas de golpe.

 

Foi um dos principais organizadores da junta militar que governou quando Costa e Silva foi afastado da presidência após sofrer uma isquemia cerebral, impedindo a sucessão do vice Pedro Aleixo.

 

Com a posse do governo Medici, foi substituído por João Batista Figueiredo. Voltou ao cenário político em 1977, ao articular os setores mais intransigentes do regime em torno de uma candidatura de Sílvio Frota, ministro do Exército, para a sucessão presidencial. Figueiredo era o nome preferido e indicado por Geisel. Frota acabou exonerado, malogrando a campanha de Portella.

 

Publicou a "A Revolução e o governo Costa e Silva" em 1979. Na noite de autógrafos do livro, cujo público não chegou a 50 pessoas, negou que tivesse se oposto à candidatura de Figueiredo. Em um nota diferente, disse também que ele e "muitos outros líderes" haviam sido "tragados pela revolução".

 

Teve dois filhos homens e sete netos. Morreu em Brasília, em 4 de outubro de 1984.

 

 

 

 

 

 

 

Ouça o áudio

 

 

Senhor presidente, senhores conselheiros. Eu sou plenamente pela assinatura da proposição que nos é apresentada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O chefe do Gabinete Militar era um dos ministros mais poderosos do governo Costa e Silva. Votou de forma breve, manifestando-se "plenamente pela proposição" apresentada. Não poderia ser diferente. Foi o próprio Portella quem construiu, usando a penetração que possuia nas Forças Armadas, o caso do deputado Moreira Alves como sinal de grave ameaça subversiva.