Mário David Andreazza

20.ago.1918 - 19.abr.1988

 

Ministro dos Transportes


O voto de Mário Andreazza foi um dos mais curtos da reunião de 13 de dezembro de 68. O ministro dos Transportes aprovou o Ato Institucional nº5 com 27 palavras, que ocuparam 14 segundos do CSN (Conselho de Segurança Nacional). Usou o pouco tempo de fala para elogiar a medida do presidente Arthur da Costa e Silva, com fidelidade já esperada.

 

Antes de ser ministro, em 64, Andreazza foi oficial-de-gabinete de Costa e Silva, na época em que este era o primeiro ministro da Guerra do regime militar. Quando o Ato Institucional nº2 instituiu as eleições indiretas para escolha do presidente, em 67, Andreazza fez campanha para Costa e Silva, a quem se referia como “seu Arthur”. Quando “seu Arthur” subiu à Presidência, levou o gaúcho Andreazza para o primeiro escalão, onde ficou conhecido pelas obras públicas que realizou.

 

Andreazza inaugurou diversas obras de grande porte em seus sete anos à frente da pasta dos Transportes. Em dezembro de 67, inaugurou a segunda pista da Via Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo. Em janeiro de 74, cortava a fita da rodovia Transamazônica - uma via de 1.750 km, o equivalente ao percurso Berlim-Moscou, cruzando a floresta-, que acabou aposentada pela falta de pavimento, que impede a maioria dos veículos de trafegar. Dois meses depois, em 4 de março, estava no primeiro dos 12 mil carros que cruzam diariamente a ponte Rio-Niterói. Os empreiteiros da ponte foram acusados pela oposição do regime militar de superfaturar a então maior ponte do mundo (em superfície) em três vezes o seu valor real. A acusação não foi
formalizada e julgada, e Andreazza seguiu no cargo.

 

Ocupou o Ministério dos Transportes até o fim do governo Emilio Garrastazú Medici, em 74, quando voltou a trabalhar com administração privada. Em 79, voltou ao governo por convite do presidente João Baptista Figueiredo, que o indicou como seu sucessor. Mesmo com o apoio do presidente e de Antônio Carlos Magalhães, perdeu o direito de disputar o Executivo nacional para Paulo Maluf. Nesse momento, ajudou a fundar o PFL (Partido da Frente Liberal, atual Democratas).

 

Além de ter apoiado o movimento de 64, conhecia outros golpes: praticava jiu-jitsu desde os 20 anos de idade. Mas não admitia que lhe chamassem de violento. Dizia que, em sua casa, no Rio, a ditadura era a dos dois filhos sobre a escolha do programa de TV. Serviu como inspiração para Renato Aragão criar a personagem Severina, uma nordestina apaixonada pelos olhos verdes e pelo charme do ministro. Morreu aos 69 anos, em São Paulo.

 

 

 

 

 

 

 

 

Ouça o áudio

 

 

Senhor presidente, senhores membros do Conselho de Segurança Nacional. Estou de pleno acordo com a proposição feita, porque acho que o momento, que no momento, há uma contestação ao processo revolucionário."

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O voto de Mário Andreazza foi um dos mais curtos da reunião de 13 de dezembro de 68. O ministro dos Transportes aprovou o Ato Intitucional nº5 com 27 palavras, que ocuparam 14 segundos do CSN (Conselho Nacional de Segurança). Usou o pouco tempo de fala para elogiar a medida do presidente Arthur da Costa e Silva, com fidelidade já esperada, afinal Andreazza havia sido seu oficial-de-gabinete num passado próximo e tinha apelidado o chefe de “seu Arthur”.