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Pré-vestibular prioriza aula de cidadania
DA EQUIPE DE TRAINEES
O curso pré-vestibular Educafro, criado há 12 anos, tem como
objetivo não só preparar negros e
pobres para a conquista de vagas
na universidade, como estimular
o senso crítico dos alunos com relação a sua realidade social.
A disciplina cidadania -obrigatória e com mesma carga horária de física ou química- propõe
debate sobre temas como "ideologia do embranquecimento" e
ações afirmativas. "O aluno deve
se comprometer a lutar pelos seus
direitos e a dar continuidade ao
projeto", diz frei David Raimundo Santos, 49, franciscano, fundador e diretor do curso.
O curso tem mais de 80 núcleos
em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná, e orienta mais de 700 projetos
semelhantes em todo o país. Só
em São Paulo, há cerca de 4.500
alunos. "Estamos anos-luz à frente do governo", diz frei David.
O Educafro funciona unicamente por meio de doações e
acordos com editoras, que fornecem material didático pelo preço
de custo -único valor cobrado
do aluno. Todos os professores
são voluntários, e os núcleos ocupam espaços cedidos.
Segundo o diretor, 30% dos alunos do Rio de Janeiro e 18% dos
de São Paulo conseguem passar
para universidades públicas ou
para particulares com bolsas de
estudos integrais, taxa de sucesso
duas vezes maior que a dos negros em geral na Fuvest.
Frei David acredita que a só capacitação não é o suficiente para
diminuir a desigualdade. "O governo precisa ser mais corajoso."
Para o estudante Cléber Firmino, 20, que pretende cursar medicina na USP, os negros deveriam
ter cotas. "O ideal seria uma reforma educacional, mas não podemos mais esperar por justiça."
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