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Novo em Folha 42ª turma
12/09/2007

Textos que inspiram perfis

da Folha de S.Paulo

Os textos abaixo foram publicados em 10/9/2007 pela Folha de S.Paulo. Copio aqui para os leitores do blog que não têm acesso à edição eletrônica

RUY CASTRO Crianças heavy metal
RIO DE JANEIRO - Na terça-feira passada, uma mulher de 43 anos foi assaltada em seu carro em Porto Alegre por dois bandidos armados. Deram-lhe ordem de descer. A mulher obedeceu, mas disse aos assaltantes que ia tirar seus filhos, de 6 e 8 anos, que estavam no banco traseiro. Fez isso com o primeiro, mas, antes que soltasse o cinto do segundo, os bandidos arrancaram e a arrastaram, agarrada à porta, por 20 metros. O carro parou mais adiante, e a mulher, apesar de ferida, retirou o outro filho. Dali a pouco, os bandidos foram presos. Um tinha 16 anos, o outro, 12.
Na quinta-feira, um homem de 49 anos foi assaltado ao tirar seu carro da garagem no bairro do Jabaquara, em São Paulo. Os bandidos o mandaram entregar o carro. Ele obedeceu sem nenhuma reação. Mesmo assim, foi baleado e morreu na presença de sua mulher e de sua filha, que estavam do lado de fora. Os criminosos eram um casal e tinham com eles uma criança de 12 anos, que os ajudou a se aproximar da vítima.
No mesmo dia, a polícia de Valinhos, a 85 km de São Paulo, prendeu um homem que havia seis meses mantinha a avó de 83 anos em cárcere privado para ficar com os cerca de R$ 7.000 que ela recebia de aposentadoria como viúva de militar. A idosa era obrigada a ficar num quarto escuro, imundo e com as janelas trancadas. O fato de o neto já ter 35 anos não o refresca -neto é neto, e a vítima era sua avó.
Pegando carona numa certa frase dita outro dia, em algum momento da história algum de nós cometeu um erro contra a juventude brasileira. Até há pouco, quando um jovem partia para o crime era para roubar um tênis ou uma bicicleta. Mas os garotos já não perdem tempo com essas ninharias. As crianças agora se tornaram agentes ou cúmplices de crimes heavy metal, que desafiam nossos estômagos.

COLUNA TODA MÍDIA

Working class - O blog de moda do "Wall Street Journal" falou da fila no estande das Havaianas, na semana de Paris, e do avanço das sandálias "que um dia foram de trabalhadores" nos EUA também, como no Soho, em Nova York

EX-RADICAL

Eleição argentina terá 13 contra Cristina
Favorita absoluta para suceder o marido, primeira-dama enfrentará rivais cujo primeiro desafio será levar pleito ao 2º turno

Disputam status de opositor mais bem colocado a radical Elisa Carrió e o ex-ministro Roberto Lavagna, que não têm nem 15% nas pesquisas

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

As diversas tentativas de união fracassaram e, encerrado à 0h de ontem o prazo final para a inscrição de candidaturas presidenciais na Argentina, 13 oposicionistas tentarão impedir que a primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner seja eleita no dia 28 de outubro presidente da Argentina.
São só quatro candidaturas a menos do que em 2003, ápice da atomização da política partidária argentina, um dos efeitos colaterais da crise de 2001.
As siglas tradicionais sofreram um abalo até hoje irreparável: o Partido Justicialista, ou peronista, não conseguiu se recompor das divisões internas que o levaram a ter três candidatos à Casa Rosada em 2003. Agora, com o partido sob intervenção judicial, Alberto Rodríguez Sáa disputará a eleição encabeçando uma ala dissidente do peronismo, que não apóia a candidatura de Cristina.
A UCR (União Cívica Radical), mais tradicional partido argentino -foi fundado em 1891-, pela primeira vez desde a redemocratização não terá candidato à Presidência. O partido dos ex-presidentes Raúl Alfonsín e Fernando de la Rua agora apoiará o peronista Roberto Lavagna.
Lavagna disputa com a ex-radical Elisa Carrió o status de principal candidato opositor. Nenhum dos dois, porém, consegue superar os 15% nas pesquisas. Carrió tentou até o fim do prazo legal formar uma aliança com outro ex-radical, Ricardo López Murphy. O acordo acabou não sendo fechado e Murphy, que nas eleições passadas foi o terceiro colocado, está longe dos dois dígitos nas pesquisas. Como demonstração de que não crê que será eleito, ele disputará também uma vaga na Câmara de Deputados -a Argentina permite uma candidatura dupla.
Há mais nove candidatos opositores, dos quais apenas Jorge Sobisch, governador de Neuquén, aparece com chances reais de alcançar ao menos 1% dos votos. Os outros seriam no Brasil chamados de nanicos: líderes de legendas de esquerda (Luis Amman, Gustavo Breide Obeid, José Montes, Néstor Pitrola e Vilma Ripoll), um cineasta (Fernando Solanas), um piqueteiro (Raúl Castells) e um eterno candidato à Presidência, Juan Carlos Mussa.

Difícil tarefa
O objetivo dessa constelação de oposicionistas é conseguir o que até agora parece improvável: superar os 60% dos votos e assim forçar o segundo turno entre Cristina e o mais bem posicionado antikirchnerista.
Na Argentina, um candidato é eleito no primeiro turno quando supera 40% dos votos e tem vantagem superior a dez pontos sobre o segundo colocado, ou quando passa de 45% -aí não importa a vantagem.
Com a dispersão de candidaturas oposicionistas, parece improvável que um mesmo candidato passe de 30%. Por isso, a aposta é que Cristina não chegue aos 40% -o que hoje também parece improvável.
A maior esperança da oposição é que se repita, a nível nacional, o ocorrido em recentes eleições nas maiores Províncias do país. Na cidade de Buenos Aires e em Santa Fé, adversários do kirchnerismo saíram vitoriosos. Além disso, assim como em Córdoba, onde o resultado ainda é questionado, os candidatos antikirchneristas tiveram desempenho superior ao previsto nas pesquisas.
Com o cenário eleitoral nacional tranqüilo, Cristina partiu ontem para a Alemanha, em mais uma das viagens internacionais que vem fazendo desde o início do ano. Em uma das poucas entrevistas que deu desde que foi confirmada sua candidatura, ela disse que um dos objetivos de um eventual governo seu será reinserir a Argentina no mundo.

  • COLUNA MÔNICA BERGAMO*

PREFEITO DE TANGA

"Desde criança, eu sou assim"

Na semana passada, ele usou tanga numa cerimônia pública. Já obrigou os padres de Aparecida a usarem batina para atrair o turismo à cidade. Casou num cemitério ao lado de 120 padrinhos e construiu um túmulo para si mesmo, com o símbolo do Corinthians. Contratou pitbulls "sem licitação" para cuidar do jazigo. Jogou terra na entrada de Potim, município vizinho, para impedir que presidiários de lá fugissem para a sua cidade. José Luiz Rodrigues (DEM-SP), o "Zé Louquinho", prefeito de Aparecida, falou à coluna:

FOLHA - O senhor usou tanga numa reunião de prefeitos de SP para protestar contra o bloqueio judicial de R$ 700 mil da prefeitura. Ouviu piadas?
JOSÉ LUIZ RODRIGUES - Acontece. O povo, coitado, não sabe. Você acha que eu queria fazer aquilo? Não sou louco. Mas, se eu não gritar, como vou fazer? O ex-governador Claudio Lembo até estava lá. Esperei ele sair, para não ficar constrangedor. Daí fui ao banheiro e vesti a tanga. Quando voltei, muita gente deu risada. Depois, começaram a chorar. Estão discutindo se minha barriga é grande, se minha perna é feia, se tenho varizes. Mas o pessoal sabe do meu aperto aqui. Foram seqüestrados R$ 700 mil da conta da prefeitura e podem ser seqüestrados mais. São contas anteriores, de 1987, 1992. Já paguei R$ 5 milhões de atrasados. Você entra em desespero.

FOLHA - O que sua mulher [Maria Helena Macedo] achou?
RODRIGUES - Ela está acostumada. Desde criança eu sou assim. Meu casamento teve 120 padrinhos e foi em frente ao cemitério. Fiz cartazes convidando a população. Teve banda, congada, charrete...

FOLHA - É verdade que o senhor tem 12 filhos com 12 mulheres?
RODRIGUES - Que é isso, rapaz? Com a minha mulher, tenho dois filhos. Tenho mais alguns, mas não chega a 12. Não arruma confusão para mim, hein?

FOLHA - Outra medida célebre do senhor foi baixar um decreto proibindo que chovesse na cidade.
RODRIGUES - Os vereadores dizem que tudo o que acontece de ruim na cidade é culpa do prefeito. Então fiz decreto proibindo chuva, relâmpago e trovoada. E sabe que, graças a Deus, até hoje não choveu forte? O pessoal já conhece o meu jeito. Construí até um túmulo no cemitério para mim.

FOLHA - Como assim?
RODRIGUES - Vem turista para ver o túmulo aqui, pô! Tem o logotipo do Corinthians, é tudo preto e branco. Dá até vontade de morrer!

FOLHA - O senhor contratou cães para cuidar dos túmulos?
RODRIGUES - Roubaram três vezes o cemitério em que eu casei. Pensei: "Vou pôr três pitbulls lá, aí ninguém mais rouba". E deu certinho. Mas dispensei os cachorros porque não tinha como pagar salários sem concurso público, e não dá para fazer concurso para cachorro, né?

FOLHA - Por que tentou impedir o uso da minissaia?
RODRIGUES - Isso foi na época da quaresma. Também baixei um decreto obrigando os padres a usarem sempre a batina. Queria identificá-los, porque as pessoas às vezes querem saber quem são, querem conversar com eles. Mas pedi perdão ao bispo e abandonei a idéia.

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