11/12/2008
OUTRO LADO - Ministério da Educação admite revisar livros; historiadores relativizam erros
DA EDITORIA DE TREINAMENTO
Consultada pela Folha sobre a afirmação de que o AI-5 estabelecia a pena de morte segundo consta no livro "História: das Cavernas ao Terceiro Milênio", para a 8ª série, Patrícia Ramos Braick, co-autora da obra, admitiu o erro. A autora, no entanto, disse que o trecho incorreto foi redigido pela também autora do livro Myrian Becho Mota, com quem não trabalha mais.
A reportagem tentou falar com Mota pelos telefones dados pela assessoria da editora Moderna, mas ninguém atendeu às ligações.
Maria Luísa Vaz, co-autora do livro "Navegando pela História", da Quinteto Editorial, utilizado na 8ª série do ensino fundamental, disse que não considera a afirmação de que o AI-5 concedia poderes para o presidente da República decretar estado de sítio um erro. Ela admite, no entanto, que a informação dá margem à dupla interpretação.
A historiadora ainda disse que o texto é "uma contextualização para um aluno da 8ª série, dentro do universo de conhecimento dele".
Conceição Aparecida Cabrini, co-autora do livro "História Temática: o Mundo dos Cidadãos", disse ter havido um "mal entendido" sobre a informação de que o AI-5 suprimiu a Constituição de 1967.
Segundo ela, o livro pretendia informar que o AI-5 acabava com os direitos constitucionais. "Concordo que deveria ser escrito de forma mais clara, mas, se você ler o capítulo como um todo, vai entender."
Cabrini também disse que o conteúdo de toda a coleção está sendo revisto para a próxima edição.
A reportagem entrou em contato com Gilberto Cotrim e Jaime Rodrigues, autores da coleção "Saber e Fazer História", por meio da assessoria de imprensa da editora Saraiva, mas não obteve resposta.
Revisão
Informado dos erros pela Folha, o Ministério da Educação disse que os livros didáticos indicados no guia do PNLD de 2008 serão encaminhados para análise da comissão de professores responsáveis pela avaliação dos livros didáticos.
Se os erros forem confirmados pelo pareceristas, as editoras serão informadas para que as devidas correções sejam realizadas. No caso de as correções não serem feitas, o MEC afirma que os livros serão retirados do guia do PNLD do próximo ano.