Treinamento
14/07/2009 - 15h54

No cinema, loucura é tema de terror, drama e comédia

da Editoria de Treinamento

Ao lembrar de como o tema da loucura é retratado no cinema, é comum vir à mente "Psicose", de Alfred Hitchcock. Mas as abordagens da saúde mental nas telas vão além do suspense e há espaço para dramas e até comédias retratando personagens com distúrbios psiquiátricos.

Para o professor Odair Furtado, da área de psicologia social da PUC-SP, o cinema e outras artes herdaram uma longa tradição de tratar a loucura como algo incômodo. "É difícil controlar a loucura, então a solução foi excluí-la."

Ele ressalta o clássico de Hitchcock como uma das principais obras a retratar o "louco clássico" da psiquiatria. "Psicose tem o louco do estigma, uma imagem que relaciona ou louco ao perigo", afirma.

Furtado ressalta, ao mesmo tempo, a importância dos filmes sobre saúde mental em geral para trazer à tona um setor normalmente desconhecido, como "Um Estranho no Ninho" e "Bicho de Sete Cabeças". "São filmes que tratam a loucura de maneira razoável, colocam o problema em discussão e deixam o espectador na dúvida sobre o que está acontecendo."

Veja abaixo uma seleção de filmes sobre o tema:

O Gabinete do Dr. Caligari ("Das Cabinet des Dr. Caligari", 1920, dir. Robert Wiene)

Divulgação/TV Globo
Cena do filme "O Gabinete do Dr. Caligari", de Robert Wiene
Cena do filme "O Gabinete do Dr. Caligari", de Robert Wiene

Uma das obras-primas do expressionismo alemão, inova por usar os efeitos de luz e sombras e os cenários deformados da escola cinematográfica para contar uma história sob a perspectiva de um louco internado em um manicômio.

Psicose ("Psycho", 1960, dir. Alfred Hitchcock)

Avô dos filmes de serial killer, "Psicose" coloca a ladra Lila Krane (Vera Miles) às portas do soturno Bates Motel. O solitário proprietário (Anthony Perkins) a recepciona com fala mansa, mas logo uma ducha tranquila se torna um banho de sangue. O clássico, mais célebre obra de arte a levar no título uma patologia mental, integra a tradição do cinema de relacionar transtornos mentais com violência.

Paixões que Alucinam ("Shock Corridor", 1963, dir. Samuel Fuller)

Divulgação/Divulgação
Cena do filme "Paixões Que Alucinam", de Samuel Fuller
Cena do filme "Paixões Que Alucinam", de Samuel Fuller

O filme tenta imaginar o que aconteceria com um homem saudável dentro de um manicômio. O jornalista John Barrett (Peter Breck) finge sofrer de doença mental para ser admitido em um hospício e encontrar a solução para um assassinato. Conforme se aproxima da chave do enigma, Barret vai perdendo a sanidade.

Um Estranho no Ninho ("One Flew Over the Cuckoo's Nest", 1975, dir. Milos Forman)

Randle McMurphy, interpretado por Jack Nicholson, é um condenado que se passa por louco por acreditar que, num hospital psiquiátrico, terá mais conforto em sua pena. Suas intenções são interrompidas pela enfermeira Ratched, que comanda o lugar com tirania e barra as tentativas de quebra de regras lideradas por McMurphy. É importante por mostrar como desmandos individuais em instituições de saúde mental podem castrar recuperações e causar prejuízos irreversíveis até em pessoas fora de estado grave.

Mr. Jones (Idem, 1993, dir. Mike Figgis)

História de um maníaco-depressivo (Richard Gere) que vive um relacionamento amoroso com a médica (Lena Olin) que faz seu tratamento. Mostra como os acometidos pelo distúrbio bipolar vão rapidamente da euforia à depressão e a necessidade do tratamento médico para controlar as crises.

Melhor é Impossível ("As Good As It Gets", 1997, dir. James L. Brooks)

Retrata o insólito romance entre Melvin Udall (Jack Nickolson) e Carol Connelly (Helen Hunt). Escritor de sucesso, Udall sofre de TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), que faz o doente ter manias incontroláveis tratadas de forma cômica no filme, afastando o personagem da sociedade e impedindo-o de estabelecer relações afetivas.

Bicho de sete cabeças (Idem, 2000, dir. Laís Bodanzky)

Baseado na história real de Austregésilo Bueno, ícone da luta antimanicomial brasileira, conta a história de Neto (Rodrigo Santoro), adolescente que é pego pelo pai fumando maconha. Sem saber o que fazer, a família o interna num manicômio, onde o protagonista conhece os horrores dos choques elétricos, da camisa de força e da apatia causada pelos medicamentos.

Uma mente brilhante ("A Beautiful Mind", 2001, dir. Ron Howard)

Eli Reed/Associated Press
Cena do filme "Uma Mente Brilhante", de Ron Howard
Cena do filme "Uma Mente Brilhante", de Ron Howard

O filme conta a vida do matemático americano John Nash (Russel Crowe), que fez importantes descobertas sobre a Teoria dos Jogos e venceu o prêmio Nobel da economia em 1994. Vale por mostrar o exemplo real de alguém que, mesmo atormentado por esquizofrenia, destacou-se profissionalmente.

Meu Nome Não é Johnny (Idem, 2008, dir. Mauro Lima)

Produção brasileira que conta a história real de João Guilherme Estrella (Selton Mello), ex-traficante das classes média e alta da Zona Sul do Rio nos anos 90. Vale por mostrar a situação degradante de um manicômio judiciário, onde o protagonista cumpriu pena.

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