Turismo

Chapada Diamantina - Caverna Torrinha

Rosa Bastos/Arquivo Pessoal
Visitantes caminham pela Caverna Torrinha, em Iraquara (BA)

JANAINA FIDALGO
da Folha Online

Quando o assunto é beleza e variedade, o subsolo da Chapada Diamantina não perde em nada para sua superfície. No lugar das bromélias, xique-xiques e sempre-vivas, aparecem as flores de aragonita, as agulhas de gipsita e as bolhas de calcita --formações raras encontradas na caverna Torrinha.

A Torrinha não é a maior caverna do Brasil, mas é uma das mais completas, considerando-se a riqueza e diversidade de seus espeleotemas. No último levantamento da Sociedade Brasileira de Espeleologia, de 1994, a Torrinha aparece como a 13º maior do país, com 8.210 metros. No entanto, atualmente já há 13.300 metros mapeados, o que a colocaria em sétimo lugar. A maior caverna calcária do país é a Toca da Boa Vista, em Campo Formoso (BA), com 97.300 metros.

Descoberta em 1850, a caverna Torrinha fica em uma propriedade particular em Iraquara. O atual proprietário e zelador da caverna, Eduardo Figueiredo da Silva, 45, conta que, na época, seu bisavô percorreu apenas 600 metros, trecho que corresponde ao primeiro dos três roteiros.

Em julho de 1992, caminhando pela caverna, uma espeleóloga francesa parou para descansar e viu que a chama de seu carbureto balançou. A corrente de ar responsável pelo movimento vinha de uma passagem estreita, entre blocos desmoronados, que dava acesso a uma galeria desconhecida. Com esse novo trecho, a Torrinha passou a ter 8.300 metros mapeados e mais dois roteiros de visitação. Acredita-se que a caverna ainda tenha galerias não-exploradas.

Roteiros

Antes de entrar na Torrinha os visitantes recebem um capacete e orientações sobre o comportamento dentro da caverna. Não falar alto, não correr e não mexer nas formações são os principais pedidos. Extremamente delicados, um simples toque pode não só quebrar os espeleotemas como retardar seu crescimento --cerca de 1 cm em 33 anos.

Como em alguns trechos é preciso andar agachado e até engatinhar, o ideal é não levar mochilas grandes. Apesar de os guias iluminarem o caminho com lampião, lanternas de cabeça são bem-vindas. Dependendo do tempo de permanência na caverna, recomenda-se levar água.

No primeiro roteiro o visitante tem acesso apenas às formações básicas de caverna, como as estalactites e estalagmites. Participam desse trajeto, de 600 metros e com duração média de uma hora e 20 minutos, até oito pessoas por guia.

O roteiro dois tem duração de duas horas e pode ser feito por até seis pessoas por grupo. Nesse trajeto, com 1.500 metros, o visitante poderá ver as formações conhecidas como vulcão e a bolha de calcita com flor de aragonita. É nesse trecho que fica a famosa agulha de gipsita, considerada uma das maiores do mundo --tem 65 centímetros. No entanto, essa área não é aberta para visitação.

Percorrer os dois quilômetros do terceiro roteiro (até cinco por grupo) exige mais tempo --pelo menos duas horas e 30 minutos. Entre as principais atrações do trecho estão o salão branco --maior da Chapada aberto à visitação, com 100 metros x 200 metros-- e as raras helictites com flor de aragonita na ponta --única do mundo, segundo o zelador da Torrinha. A formação conhecida como cabelo de anjo e as grandes agulhas têm acesso proibido.

Para fazer qualquer um dos roteiro paga-se uma taxa individual para manutenção da caverna. O serviço dos guias é cobrado à parte e varia de acordo com o tamanho do grupo. A Torrinha pode ser visitada diariamente, das 7h às 22h.

A caverna fica na Fazenda Torrinha, s/nº, em Iraquara (tel. 0/xx/75/ 364-2488). E-mail: cavernatorrinha@ig.com.br.

Por dentro dos espeleotemas



Estalactite: forma-se a partir de gotas vindas do teto. Antes da queda, a solução libera calcita, um tipo de mineral, que se precipita à sua volta em forma de anel. Sucessivamente, novas gotas depositam outros anéis. Essas sobreposições de anéis produzem uma forma de canudo alongada em direção ao piso.



Estalagmite: a água que goteja das estalactites, ou diretamente do teto da caverna, precipita a calcita sob a forma de lâminas ao atingir o piso da caverna. Por meio da superposição de lâminas crônicas, formam-se as estalagmites, que crescem do piso ao teto.



Flor de aragonita: cresce a partir de um centro de cristais aciculares de aragonita, ou seja, que têm forma de agulha. A formação dá origem a arranjos que lembram flores, daí o nome. Este tipo de espeleotema é considerado raro.




Agulha de gipsita: formada pela precipitação de sulfato de cálcio (CaSO4). Na Caverna Torrinha, as agulhas de gipsita estão entre placas de argila desidratas ao longo do tempo.





Cortina: são formadas quando há superposição de “rastros” ou “linhas” de mineral precipitado. Ocorrem a partir de gotas que escorrem ao longo de tetos inclinados.





Helictite: formado a partir da precipitação de carbonato de cálcio (CaCO3) em paredes, tetos ou sobre espeleotemas previamente formados. A direção assuminda pele helictite é controlada pela força de cristalização do mineral, o que explica a grande variedade de formas.

Fonte: Site do Instituto de Geociências da USP (www.igc.usp.br)

*A jornalista Janaina Fidalgo fez o passeio a convite da Cirtur (tel. 0/xx/75/ 334-1133; e-mail: cirturlencois@hotmail.com).


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