Jalapão - Fervedouro

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No Fervedouro, a ressurgência das águas impede que o corpo afunde

JANAINA FIDALGO
da Folha Online

Depois de quase duas horas para percorrer 78 km em estrada de terra num carro 4x4, finalmente chega-se à trilha que dá acesso ao Fervedouro. Nesse ponto, é preciso seguir à pé por um trecho curto, que inclui a travessia de um riacho sobre troncos tombados. Durante o trajeto, a impressão é de que se conhecerá uma nascente como qualquer outra.

Mas chegando ao Fervedouro o visitante vislumbra uma beleza selvagem, simples e inexplorada, incrustada no longínquo Jalapão. Através de uma pequena entrada, logo se avista uma "piscina" de água cristalina, com fundo de areia branquíssima, que reflete o verde das bananeiras que circundam o poço d'água.

A beleza inicial "enche" os olhos e de cara recompensa toda a poeira "engolida" durante o trajeto, mas a melhor surpresa ainda está por vir: flutuar na água morna e transparente do Fervedouro. Nos passos iniciais, nada de diferente. No entanto, após caminhar cerca de dois metros, o visitante afunda na areia e imediatamente é lançado de volta à superfície. Ficar em pé e com o corpo ereto nessa região é impossível. Não há como não flutuar.

A pressão, criada por um fenômeno chamado de ressurgência das águas, impede que o corpo afunde. Isso acontece porque sob a piscina há um lençol freático e logo abaixo uma rocha impermeável. Sem encontrar vazão pela rocha, a água nasce e é jorrada com muita pressão, empurrando para cima a areia e o que houver sobre ela.

No Fervedouro, além de nadar, boiar e brincar de ser arremessado para trás, é possível se divertir com os sons extraídos da areia que reveste seu fundo. Extremamente fina e branca, basta esfregá-la entre as mãos para fazê-la cantar.

O único inconveniente dos banhos no Fervedouro é a areia acumulada nos biquínis e sungas. Mas até para isso a natureza oferece uma solução: basta dar cinco passos adiante e mergulhar nas frias águas do rio Carrapato -afluente do rio Sono (um dos afluentes do rio Tocantins).