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Ilha da Trindade - Flora


Rogério Cassimiro/Folha Imagem
Floresta de samambaias gigantes, espécie rara que é mantida na Ilha da Trindade

LUCAS CEMBRANELLI
free-lance a Folha Online
ROGÉRIO CASSIMIRO
editor de imagem da Folha Online

Apesar de ter tudo para ser um paraíso, a Ilha da Trindade sofre um problema sério de degradação da flora. Sua vegetação é pobre, e se resume a gramíneas, poucas árvores que podem ser contadas nos dedos e uma pequena “floresta” de samambaias gigantes, um dos seus pontos mais impressionantes.

Mas nem sempre foi assim. Até o século 18, a ilha possuía uma densa floresta de árvores grandes avermelhadas, semelhantes ao pau-brasil. A semelhança despertou o interesse comercial, pois eram confundidas com o pau-brasil. A comercialização causou a extração indiscriminada, resultando na extinção total da espécie.

Para agravar ainda mais a situação ecológica, em 1700, o astrônomo inglês Edmond Halley desembarcou na ilha, trazendo a bordo de seu navio cabras e porcos, com a intenção de deixá-los no local, para servirem de alimento para eventuais naufrágios próximos da região.

Os animais acabaram abandonados em terra, se reproduziram descontroladamente e se tornaram selvagens. Os porcos, como eram mais lentos, foram exterminados ao longo do tempo. Já os ovinos, muito ágeis em terrenos acidentados, sobreviveram e, em grande número, devoraram as mudas das plantas que tentaram germinar e crescer na região, acabando de vez com a possibilidade de ressurgimento da mata nativa. As cabras também causaram danos graves nas nascentes de água, dando o início ao processo de erosão que hoje predomina na paisagem.

Alguns botânicos creditam a presença dos animais a explicação à existência da espécie endêmica, que só existe na ilha, das samambaias gigantes. Eles acreditam que as cabras só não comiam os brotos destas plantas, que acabaram crescendo sem “competição”, e, por isso, as plantas se desenvolveram tanto. Algumas samambaias chegam atingir 6 metros de altura.

Para reverter a situação, biólogos desenvolvem um projeto de reflorestamento da Ilha da Trindade. Ao caminhar pela ilha atualmente, já se pode observar alguns resultados deste trabalho, encontrando algumas mudas brotando.

Como método para garantir a evolução dos vegetais, as árvores estão sendo plantadas com um cano de PVC de diâmetro largo em volta, o que permite o crescimento e protege os brotos dos ataques das cabras e dos caranguejos.

Porém, para garantir que o projeto obtenha sucesso, os especialistas decidiram que os animais que não são naturais da ilha deveriam ser eliminados.

Na viagem de reabastecimento da base militar de abril de 2002, a Marinha enviou três dos melhores fuzileiros navais do país para matar cabras. Os militares são atiradores de elite, com técnicas de sobrevivência em selva, rapel (escalada e descida de montanhas) e pára-quedismo. Os militares, que servem no Batalhão de Operações Especiais da Marinha, foram escalados devido à dificuldade de encontrar os animais, que se deslocam rápido com a aproximação humana e vivem em lugares altos e de difícil acesso, mas, se extintos, podem garantir a preservação das plantas.

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