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17/09/2001 - 13h12

Aviação comercial deve sofrer mudanças, prevêem especialistas

da Folha de S.Paulo

Assunto na feira da Abav em Brasília, a segurança de vôos dividia os especialistas. Eles concordam que os procedimentos de segurança no ar já são bem rígidos, mas apostam que a vigilância aeroportuária aumentará ainda mais. As seguradoras já aumentaram seus preços em 40%.

Para muitos, a aviação comercial pode mudar. As tripulações já recebiam treinamento para lidar com sequestros, embora pilotos suicidas entre os sequestradores fossem até agora considerados ocorrências remotas.

Durante o fechamento do espaço aéreo norte-americano, o Canadá tornou-se uma referência mundial para o setor, liderando iniciativas. O país, que nesta semana será sede de reunião da Organização de Aviação Civil Internacional, deu suporte a milhares de vôos que, desviados dos EUA, pousaram em seus aeroportos.

Só a Lufthansa chegou a ter 11 aviões aterrissados no Canadá.
Em consequência disso, ainda está vivendo momentos difíceis.

A Air Canada, que em 2000 absorveu a concorrente Canadian Airlines e integra a Star Alliance, tem prestado serviços de manutenção, "catering" (alimentação de bordo) e limpeza de aviões a todas as empresas que tiveram vôos redirecionados para o país.

Nos aeroportos canadenses, a situação ainda não havia se normalizado até a última sexta-feira. Segundo Gleyson Ranieri, 35, diretor comercial da Air Canada no Brasil, o cenário do pós-atentado nos EUA era o de gente dormindo nos saguões dos aeroportos do Canadá à espera da continuidade de sua viagem.

Universidades, albergues e hotéis receberam muitos passageiros. Havia gente sem dinheiro, e os hotéis aceitavam seis ou até nove pessoas dividindo um mesmo quarto.

Diante do quase silêncio da American e da United Airlines, que tiveram seus aviões sequestrados no episódio, a Air Canada passou a ser referência, informando inclusive que o vôo UA 93, da United, que saiu de Newark e caiu em Shanksville, perto de Pittsburgh, era compartilhado por ela. Nenhum passageiro canadense foi vitimado no atentado.

Mudanças

Outro especialista em aviação presente à feira da Abav, João Roberto Sabino, 44, disse que as empresas devem tomar mais precauções, mas que o terrorismo é criativo e mostrou não ter limites.

Presidente da Nordeste Linhas Aéreas, empresa do grupo Varig, Sabino ressaltava que o foco deveria recair sobre as ações dos terroristas: "O que a American e a United poderiam fazer? Se uma pessoa é treinada para se matar, qual é o limite?"

Já Ralf Assmann, diretor de vendas e marketing da Lufthansa no Brasil, disse que a empresa cancelou temporariamente vôos para Jordânia, Líbano e Israel.

Dizendo que os procedimentos da companhia já são extremamente seguros, Assmann ressaltou que, quando malas são embarcadas e determinada pessoa não embarca, as bagagens são identificadas na pista e que em Frankfurt, um dos aeroportos mais movimentados da Europa, cães farejam as malas em busca de explosivos.

Mas a pergunta que fica no ar é: alguma dessas medidas teria impedido os atentados nos EUA?

Diante da negativa, pois as evidências são as de que os terroristas portavam facas de porcelana e sprays de pimenta dificilmente detectados no raio-X, especula-se que as empresas poderão adotar procedimentos de embarque semelhantes aos já usados pela empresa aérea israelense El Al, cujos passageiros passam por entrevistas de mais de uma hora, bagagens sofrem revista manual e máquinas fotográficas passam por pente fino. Ainda na El Al, as cabines dos pilotos são blindadas.

Os "e-tickets", bilhetes virtuais em que os passageiros embarcam mostrando apenas um documento, poderão ter maior controle. É bem possível que as companhias aéreas queiram saber minuciosamente quem é quem entre os seus passageiros.
 

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