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10/02/2003 - 05h08

Feira de San Telmo atiça consumo e resgata tradição

AMARÍLIS LAGE
enviada especial da Folha a Buenos Aires

Colecionadores e amantes de quinquilharias: muita calma nessa hora. Atravessar a feira de antiguidades de San Telmo e chegar ao outro lado sem sacolas nas mãos é uma missão muito difícil.

São inúmeras as barraquinhas com bijuterias, cristais, brinquedos e tudo aquilo de que ninguém precisa, mas, uma vez visto, parece indispensável, como esculturas feitas de talheres, que custam de 30 a 190 pesos cada uma.

Mas mesmo quem não gosta de feiras, badulaques e afins tem bons motivos para visitar San Telmo. Em uma das ruas que levam à praça Dorrego, ponto central da feira, um senhor bem grisalho imita Gardel. Em outra, dançarinos resgatam os ritmos folclóricos da Argentina. Mais além, há um show de marionetes. O bairro emana diversão e arte.

Ao redor disso tudo, dezenas de bares e restaurantes onde se pode saborear ao mesmo tempo dois ícones da cultura nacional: o bife de chouriço e o tango.

Um desses estabelecimentos é o restaurante Mitos Argentinos (www.mitosargentinos.com.ar), onde uma refeição completa sai por 17 pesos. O prédio em que o restaurante está instalado já completou um século. As paredes permanecem com os tijolos à mostra. Delas, pendem fotografias e quadros antigos. Do piso superior, tem-se a melhor vista do palco, mas há duas desvantagens: as mesas são apertadas e, de lá, Maria Sílvia Varela não poderá chamá-lo para participar do show.

No térreo, a cantora percorre as mesas. Segura os clientes pelo braço, crava sobre eles o olhar dramático: "Yo no sé si soy una tonta, siempre lista, siempre pronta a entregarme a los demás...". Ri alto, finge chorar e sofrer. Depois confessa à reportagem: "Toda mulher é uma atriz".

Para quem gosta de tango, San Telmo possui alguns endereços preciosos, como o Almacén de Tangos Generales, em uma das esquinas da praça Dorrego. Ali, é possível encontrar desde blusas até baralhos temáticos. Além dos livros, como o que traz "Las Mejores Anécdotas del Tango - y Otras Curiosidades", da editora Planeta.

Uma das histórias ali narradas aconteceu no Rio de Janeiro. Conta o livro que em 1940 (no período da Segunda Guerra Mundial -detalhe importante para o decorrer dos fatos), o cantor Francisco Canaro veio apresentar-se no cassino da Urca.

Lá ele teria conhecido uma mulher, chamada Tajaira, que, após sua volta a Buenos Aires, começou a lhe enviar telegramas de amor. As mensagens, porém, ocultavam informações secretas, o que tornava Canaro cúmplice de um esquema de espionagem.

Mas isso ele só soube quando, em outra viagem, foi detido pela polícia brasileira. E o pior, conclui o livro: Canaro nunca soube nem ao menos para que lado da guerra ele havia servido como espião. Será que, como disse a cantora de tango, toda mulher é uma atriz?


Amarílis Lage viajou a Buenos Aires convite da rede hoteleira Marriott International e da TAM.


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