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10/03/2003
-
06h43
da Folha de S.Paulo, na Grécia
Muito pouco do que Péricles fez de 450 a.C. a 429 a.C. ao reformar Atenas após a sua destruição pelos persas está de pé, mas boa parte foi vista "in loco" por um viajante chamado Pausânias, que, com base em suas observações numa viagem pela Grécia, escreveu um dos primeiros guias de viagem de que se tem notícia.
Pausânias, autor do primeiro "Guia da Grécia", provavelmente nasceu numa cidade na Ásia Menor e trabalhou no seu livro de viagem entre os anos 150 e 180. Sua obra original, escrita em dez volumes, além de concentrar-se nos monumentos, na história e na mitologia grega, contém descrições meticulosas da topografia e da arquitetura de cidades de quase toda a Grécia antiga.
O livro também serviu de referência essencial para os arqueólogos europeus que, nos séculos 18 e 19, partiram para a Grécia atrás de antigos sítios com vestígios da civilização helênica clássica -cujo apogeu ocorreu no século 5º a.C.
Peter Levi, tradutor da versão da editora inglesa Penguin do livro de Pausânias, editada em dois volumes, conta que, quando o autor viajou pela Grécia, Tebas havia sido dilacerada pelos macedônios, e a antiga Corinto, pelos romanos, "mas todo e qualquer outro monumento da Antiguidade grega estava ainda de pé".
Felizmente, com os mais de 1.800 anos que nos separam daquele tempo, embora muito do que Pausânias viu tenha sido destruído ou perecido, ainda é possível seguir seus passos.
Uma opção é começar pela parte baixa da cidade, na região central de Atenas, a Ágora, no centro da "pólis" -onde os gregos se reuniam em assembléia e que abrigava o prédio em que o filósofo Sócrates ficou preso até cumprir sua ordem de execução.
O viajante menciona o Odeom, um teatro construído pelo imperador romano Agripa por volta do ano 15 a.C. O teto do teatro desabou após Pausânias tê-lo visitado, mas suas ruínas estão lá hoje e são uma das mais preservadas da Ágora antiga, junto às de Stoa de Attalos (portão de Attalos).
Pausânias descreve, em riqueza de detalhes, prédios, templos e portões que compunham a Ágora, como o templo de Zeus Olímpico, que tem parte de seus pilares de pé. Ao lado do edifício, onde hoje passa a avenida Andrea Singrou, é possível ver parte do muro de Adriano -imperador romano que governou de 117 a 138.
Pode-se prosseguir pelo caminho dos atenienses que iam cultuar a deusa patrona da cidade, Atena, subindo em direção ao Pártenon, passando pelo teatro de Dionísio, que foi construído também no século 4º a.C.
À entrada da Acrópole, no alto, o viajante passa pelo ponto do qual Egeu, segundo a mitologia, teria se jogado ao mar por pensar que seu filho Teseu havia morrido em Creta, aonde fora matar o Minotauro.
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FÁBIO CHIOSSIda Folha de S.Paulo, na Grécia
Muito pouco do que Péricles fez de 450 a.C. a 429 a.C. ao reformar Atenas após a sua destruição pelos persas está de pé, mas boa parte foi vista "in loco" por um viajante chamado Pausânias, que, com base em suas observações numa viagem pela Grécia, escreveu um dos primeiros guias de viagem de que se tem notícia.
Pausânias, autor do primeiro "Guia da Grécia", provavelmente nasceu numa cidade na Ásia Menor e trabalhou no seu livro de viagem entre os anos 150 e 180. Sua obra original, escrita em dez volumes, além de concentrar-se nos monumentos, na história e na mitologia grega, contém descrições meticulosas da topografia e da arquitetura de cidades de quase toda a Grécia antiga.
O livro também serviu de referência essencial para os arqueólogos europeus que, nos séculos 18 e 19, partiram para a Grécia atrás de antigos sítios com vestígios da civilização helênica clássica -cujo apogeu ocorreu no século 5º a.C.
Peter Levi, tradutor da versão da editora inglesa Penguin do livro de Pausânias, editada em dois volumes, conta que, quando o autor viajou pela Grécia, Tebas havia sido dilacerada pelos macedônios, e a antiga Corinto, pelos romanos, "mas todo e qualquer outro monumento da Antiguidade grega estava ainda de pé".
Felizmente, com os mais de 1.800 anos que nos separam daquele tempo, embora muito do que Pausânias viu tenha sido destruído ou perecido, ainda é possível seguir seus passos.
Uma opção é começar pela parte baixa da cidade, na região central de Atenas, a Ágora, no centro da "pólis" -onde os gregos se reuniam em assembléia e que abrigava o prédio em que o filósofo Sócrates ficou preso até cumprir sua ordem de execução.
O viajante menciona o Odeom, um teatro construído pelo imperador romano Agripa por volta do ano 15 a.C. O teto do teatro desabou após Pausânias tê-lo visitado, mas suas ruínas estão lá hoje e são uma das mais preservadas da Ágora antiga, junto às de Stoa de Attalos (portão de Attalos).
Pausânias descreve, em riqueza de detalhes, prédios, templos e portões que compunham a Ágora, como o templo de Zeus Olímpico, que tem parte de seus pilares de pé. Ao lado do edifício, onde hoje passa a avenida Andrea Singrou, é possível ver parte do muro de Adriano -imperador romano que governou de 117 a 138.
Pode-se prosseguir pelo caminho dos atenienses que iam cultuar a deusa patrona da cidade, Atena, subindo em direção ao Pártenon, passando pelo teatro de Dionísio, que foi construído também no século 4º a.C.
À entrada da Acrópole, no alto, o viajante passa pelo ponto do qual Egeu, segundo a mitologia, teria se jogado ao mar por pensar que seu filho Teseu havia morrido em Creta, aonde fora matar o Minotauro.
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