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31/03/2003
-
04h01
"Um dia chegaremos de bicicleta à Inglaterra." A frase bem-humorada, de um funcionário do porto de Roterdã, resume um bocado do que é essa cidade, 65 quilômetros a sudoeste de Amsterdã.
Construir é uma habilidade que sobra nos habitantes da capital industrial holandesa. Totalmente devastada por bombardeios na Segunda Guerra, a cidade erigiu a partir dos anos 40 uma das arquiteturas mais arrojadas da Europa.
Mas mais do que construir, o morador de Roterdã sabe mesmo é mercar. E é por isso que a sede do maior porto do mundo vem ampliando, incansavelmente, suas dimensões. Rumo ao mar.
Com 45 quilômetros de extensão, boa parte deles já feitos em aterros, a grande porteira naval européia está "roubando" do mar do Norte mais mil hectares.
Dos 120 mil navios que visitam anualmente esse porto holandês, trazendo nos lombos 322 milhões de toneladas, praticamente nenhum importa turistas.
O que não impede que a cidade receba a sua pequena cota de visitantes ociosos, inclusive para ver suas instalações portuárias.
Uma empresa chamada Spido (www.spido.nl) centraliza essas excursões pelo universo infindável de contêineres.
Esses caixotões metálicos de transportar carga, aliás, são onipresentes em Roterdã. Difícil conhecer um deles que em algum momento de sua vida não tenha passado pela cidade.
O vai-e-vem dos contêineres é acompanhado, como em outras cidades portuárias, por um intenso intercâmbio de culturas. Basta dizer que no 1 milhão de habitantes de Roterdã estão pessoas vindas de 162 países.
Nessas "Nações Unidas", muito forte é a presença muçulmana. Mais de 20% dos moradores rezam virados para Meca. O panculturalismo da cidade do pensador Desiderius Erasmus Roterodamus, ou Erasmo de Roterdã (1466-1536), é acompanhado pela juventude. Cerca de 70% da população tem menos de 18 anos.
As duas características combinadas não dão a Roterdã o viço artístico que se poderia imaginar. Mas a capital cultural européia de 2001 tem um punhado razoável de atrações nesse campo. O Centro de Arte Contemporânea Witte de With, dirigido pela conceituada Catherine David, o museu Boymans-Van Beuningen, mais tradicional, e o Festival Internacional de Cinema (em janeiro) são os principais pólos culturais.
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Roterdã se espicha em direção ao mar
do enviado especial da Folha de S.Paulo à Holanda"Um dia chegaremos de bicicleta à Inglaterra." A frase bem-humorada, de um funcionário do porto de Roterdã, resume um bocado do que é essa cidade, 65 quilômetros a sudoeste de Amsterdã.
Construir é uma habilidade que sobra nos habitantes da capital industrial holandesa. Totalmente devastada por bombardeios na Segunda Guerra, a cidade erigiu a partir dos anos 40 uma das arquiteturas mais arrojadas da Europa.
Mas mais do que construir, o morador de Roterdã sabe mesmo é mercar. E é por isso que a sede do maior porto do mundo vem ampliando, incansavelmente, suas dimensões. Rumo ao mar.
Com 45 quilômetros de extensão, boa parte deles já feitos em aterros, a grande porteira naval européia está "roubando" do mar do Norte mais mil hectares.
Dos 120 mil navios que visitam anualmente esse porto holandês, trazendo nos lombos 322 milhões de toneladas, praticamente nenhum importa turistas.
O que não impede que a cidade receba a sua pequena cota de visitantes ociosos, inclusive para ver suas instalações portuárias.
Uma empresa chamada Spido (www.spido.nl) centraliza essas excursões pelo universo infindável de contêineres.
Esses caixotões metálicos de transportar carga, aliás, são onipresentes em Roterdã. Difícil conhecer um deles que em algum momento de sua vida não tenha passado pela cidade.
O vai-e-vem dos contêineres é acompanhado, como em outras cidades portuárias, por um intenso intercâmbio de culturas. Basta dizer que no 1 milhão de habitantes de Roterdã estão pessoas vindas de 162 países.
Nessas "Nações Unidas", muito forte é a presença muçulmana. Mais de 20% dos moradores rezam virados para Meca. O panculturalismo da cidade do pensador Desiderius Erasmus Roterodamus, ou Erasmo de Roterdã (1466-1536), é acompanhado pela juventude. Cerca de 70% da população tem menos de 18 anos.
As duas características combinadas não dão a Roterdã o viço artístico que se poderia imaginar. Mas a capital cultural européia de 2001 tem um punhado razoável de atrações nesse campo. O Centro de Arte Contemporânea Witte de With, dirigido pela conceituada Catherine David, o museu Boymans-Van Beuningen, mais tradicional, e o Festival Internacional de Cinema (em janeiro) são os principais pólos culturais.
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