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07/04/2003
-
05h01
da Folha de S.Paulo, no Jalapão
O recente falatório na mídia sobre o deserto do Jalapão tem provocado resultados bastante negativos na conservação da área. O boom do turismo, feito de forma descontrolada, já deixa suas marcas no deserto.
Aliado a isso, o Jalapão enfrenta ainda outras duas dificuldades: a demora na implementação do parque estadual (leia abaixo) e a ausência de uma fiscalização eficiente, já que o Ibama tem apenas dois fiscais para todo o deserto.
A falta de fiscalização nos pontos turísticos, os passeios sem guias e os ralis no deserto já começam a imprimir suas marcas na região. O Jalapão já fez parte da rota do Rally Internacional dos Sertões, a maior corrida "off-road" da América Latina, que projetou o local em todo o Brasil e que levava dezenas de jipes anualmente à prova. Neste ano a região não abrigará a prova, porém esses veículos continuam sendo usados por visitantes.
Dunas de até 40 m de altura, que levaram milhares de anos para se formar, ficam arrasadas depois de serem "pisadas" por turistas a bordo de jipes ou motocicletas.
Também o fervedouro, uma nascente de rio de cerca de 20 m2, já apresenta sinais de degradação pelo grande número de turistas e pela visita indiscriminada.
"O ideal é um grupo de seis pessoas por dez minutos. Se não controlar o número de pessoas no poço do fervedouro, ele acaba", diz Luciano Cohen, sócio da Korubo Expedições, operadora que organiza passeios pela região.
O lixo deixado nas trilhas e em cachoeiras e a aceleração do processo erosivo das estradas e dos platôs são outros resultados nefastos da visita indiscriminada.
"Há falta de respeito às trilhas e às placas de orientação", diz Cohen, que critica quem "deixa quilos de lixo" pelo caminho.
A coordenadora do parque estadual, Beatriz Gonçalves, alerta para o perigo. "É claro que o turismo é bem-vindo. Ele é bom para as pessoas que moram aqui, que vivem da venda do artesanato local, e para a divulgação do Tocantins. Mas, do jeito que está sendo feito, só irá contribuir para acabar com o deserto do Jalapão."
A partir da criação do parque, serão feitos estudos para avaliar a sustentabilidade do Jalapão. Uma das idéias é fazer lá o que se fez em Bonito (MS), onde só são permitidas visitas guiadas aos pontos turísticos. Como a maioria desses pontos estão localizados em propriedades particulares, a cobrança de ingresso em alguns deles também deverá se tornar obrigatória. Parte do dinheiro irá para o guia, parte para o parque e parte para o proprietário do local.
"É uma forma de controlarmos o turismo e preservar o lugar", adianta Beatriz. Ela pede que os turistas entrem em contato com o Naturatins (Instituto Natureza do Tocantins, tel. 0/xx/63/218-2603; www.naturatins.to.gov.br) antes de ir ao Jalapão, para que a visita possa ser organizada.
Também é possível visitar a região adquirindo programas prontos, que normalmente incluem guias e têm cuidados com a manutenção da área.
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O recente falatório na mídia sobre o deserto do Jalapão tem provocado resultados bastante negativos na conservação da área. O boom do turismo, feito de forma descontrolada, já deixa suas marcas no deserto.
Aliado a isso, o Jalapão enfrenta ainda outras duas dificuldades: a demora na implementação do parque estadual (leia abaixo) e a ausência de uma fiscalização eficiente, já que o Ibama tem apenas dois fiscais para todo o deserto.
A falta de fiscalização nos pontos turísticos, os passeios sem guias e os ralis no deserto já começam a imprimir suas marcas na região. O Jalapão já fez parte da rota do Rally Internacional dos Sertões, a maior corrida "off-road" da América Latina, que projetou o local em todo o Brasil e que levava dezenas de jipes anualmente à prova. Neste ano a região não abrigará a prova, porém esses veículos continuam sendo usados por visitantes.
Dunas de até 40 m de altura, que levaram milhares de anos para se formar, ficam arrasadas depois de serem "pisadas" por turistas a bordo de jipes ou motocicletas.
Também o fervedouro, uma nascente de rio de cerca de 20 m2, já apresenta sinais de degradação pelo grande número de turistas e pela visita indiscriminada.
"O ideal é um grupo de seis pessoas por dez minutos. Se não controlar o número de pessoas no poço do fervedouro, ele acaba", diz Luciano Cohen, sócio da Korubo Expedições, operadora que organiza passeios pela região.
O lixo deixado nas trilhas e em cachoeiras e a aceleração do processo erosivo das estradas e dos platôs são outros resultados nefastos da visita indiscriminada.
"Há falta de respeito às trilhas e às placas de orientação", diz Cohen, que critica quem "deixa quilos de lixo" pelo caminho.
A coordenadora do parque estadual, Beatriz Gonçalves, alerta para o perigo. "É claro que o turismo é bem-vindo. Ele é bom para as pessoas que moram aqui, que vivem da venda do artesanato local, e para a divulgação do Tocantins. Mas, do jeito que está sendo feito, só irá contribuir para acabar com o deserto do Jalapão."
A partir da criação do parque, serão feitos estudos para avaliar a sustentabilidade do Jalapão. Uma das idéias é fazer lá o que se fez em Bonito (MS), onde só são permitidas visitas guiadas aos pontos turísticos. Como a maioria desses pontos estão localizados em propriedades particulares, a cobrança de ingresso em alguns deles também deverá se tornar obrigatória. Parte do dinheiro irá para o guia, parte para o parque e parte para o proprietário do local.
"É uma forma de controlarmos o turismo e preservar o lugar", adianta Beatriz. Ela pede que os turistas entrem em contato com o Naturatins (Instituto Natureza do Tocantins, tel. 0/xx/63/218-2603; www.naturatins.to.gov.br) antes de ir ao Jalapão, para que a visita possa ser organizada.
Também é possível visitar a região adquirindo programas prontos, que normalmente incluem guias e têm cuidados com a manutenção da área.
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