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21/04/2003 - 02h41

Pantanal faz a alegria dos "bird watchers"

MARIANA LAJOLO
Enviada especial da Folha de S.Paulo ao Pantanal

Silêncio, olhos e ouvidos atentos, paciência. Munido desses itens básicos, que podem receber o auxílio de binóculos, guias de campo e outros apetrechos, é possível desfrutar de um tipo de atividade pouco comum no Brasil, mas que tem ganhado espaço graças à procura internacional: a observação de pássaros.

Silvio Cioffi/Folha Imagem
Animais do Pantanal podem ser observados em prática do "bird watchers"


Habitat de pelo menos 650 espécies (número catalogado) e região de mata favorável ao "esporte" (nem muito baixa, nem muito alta), o Pantanal tem sido muito procurado para essa atividade nos últimos anos. Além da facilidade para visualizar os pássaros, o ecossistema possui muitas aves grandes e coloridas e outras tantas pouco conhecidas.

A observação de aves no Brasil ainda é praticada principalmente por especialistas ou estudantes, mas pode ser feita por leigos interessados em admirar e conhecer mais sobre as espécies. Ela consiste em simplesmente visualizar e escutar as aves em passeios a pé ou em veículos pelas trilhas.

No segundo caso, sempre acompanhado por um guia, o percurso é interrompido todas as vezes que alguma ave aparece. Os mais curiosos podem até descer para observá-la de perto.

Sobre rodas, é mais fácil ver aves de grande porte, como o tuiuiú - símbolo do Pantanal que chega a ter dois metros de envergadu- ra-, as garças e os gaviões. Nas trilhas a pé são necessárias mais atenção e paciência, além de silêncio e cuidado ao caminhar, para não espantar os animais.

Um olho atento encontra aves namorando, mães zelosas cuidando dos filhotes, brigas por territórios e espécies menores, que podem passar despercebidas.

Os melhores lugares para observar aves no Pantanal são as unidades de conservação, que sofreram menos a ação predatória e a interferência do homem. Há épocas mais apropriadas, também. Muitas espécies estão ativas durante o ano todo e há as noturnas.

No Pantanal, de novembro a março, ocorre o período das cheias -quando o rio Paraguai e afluentes inundam parte da planície. Nessa época, os mamíferos costumam ser raros, mas pássaros aparecem em abundância.

A vazante, em março, abril e maio, é boa época para ver todos os tipos de animais. Já na seca, que ocorre nos meses seguintes, os mamíferos são menos raros.

Os tipos de aves que aparecem mais na região também variam com a época do ano.

Como é uma atividade que pode começar a ser praticada por hobby, pelo simples olhar atento e interesse pela natureza, muitos pantaneiros acabam se tornando excelentes "bird watchers" (nome em inglês para os observadores de pássaros) sem saber que se trata de um esporte internacional.

Vitor do Nascimento, 32, o Vitinho, é um exemplo. Nascido na fazenda onde fica o Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda, no sul do Mato Grosso do Sul, começou a trabalhar para o hotel como motorista de caminhão.

Há alguns anos, um turista, impressionado com suas habilidades, deu-lhe um binóculo e um guia de campo -livro com fotos e nomes das aves.

Vitinho começou a estudar e hoje trabalha como guia, cargo normalmente exercido no hotel por estudantes ou profissionais já com formação universitária.

Ele não fala inglês, mas conhece o nome de todos os pássaros pantaneiros na língua. Apesar de enxergar mal com um olho, consegue encontrar pássaros em galhos altos das árvores mais distantes, imperceptíveis para olhos treinados para ver carros e edifícios.

Quem não tem tanta habilidade pode buscar a ajuda de equipamentos como binóculos e guias de campo. Outra estratégia é levar gravações com sons de aves para atrair os animais. Como muitas espécies são territorialistas, aparecem para defender seu espaço quando ouvem o canto de outra.

Mariana Lajolo viajou a convite do Refúgio Ecológico Caiman.

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