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04/08/2003 - 07h17

Fazenda ajuda a estreitar laços com animais

do enviado especial da Folha de S.Paulo ao Pará

O tamanho e a cara do bicho assustam, mas alguns búfalos são treinados para interagir com os turistas. Estreitar a relação não só com os búfalos, mas também com os cavalos marajoaras, é uma questão de horas.

Na fazenda Sanjo, a cerca de 35 km do centro de Soure, o turista integra-se ao cotidiano do local e pode participar de atividades típicas do vaqueiro marajoara.

O visitante pode experimentar a sensação de montar em um cavalo marajoara para tocar os imensos búfalos de dentro de um campo alagado até o curral. As atividades são acompanhadas por vaqueiros e, às vezes, pela proprietária Ana Tereza Acatauassú Nunes.

Ordenhar a búfala é outra tarefa do peão que pode ser incorporada. Depois da lida, o prêmio é beber o leite ainda fresco.

A fazenda conta com 300 cabeças de búfalo, e a montaria no animal é obrigatória para quem vem à ilha de Marajó.

Na queijaria da fazenda, é possível acompanhar o processo de fabricação artesanal do queijo de búfala e comer o produto saído da panela, ainda quentinho.

Os búfalos desembarcaram na ilha no final do século 19, vindos, os primeiros, do sul da Itália. Depois, chegaram da antiga Indochina (atuais Laos, Camboja e Vietnã) e se adaptaram bem às áreas alagadas do município de Soure. Conta a história que eles sobreviveram ao naufrágio de um navio que ia para a Guiana Francesa.

Entre as outras atividades disponíveis estão pesca de piranha, com anzol ou tarrafa (rede), trilhas ecológicas para observação da fauna e da flora, passeio de canoa-vara (empurrada com uma vara pelo barqueiro) no campo alagado e focagem de jacaré à noite. Na fazenda, de dia, é possível, por exemplo, ver uma fêmea jacaré exercitando seu instinto maternal ao cuidar do ninho.

Para recuperar a energia, a cozinha da fazenda oferece a típica comida marajoara, como frito do vaqueiro, filé de búfalo com queijo de búfala e carne-de-sol de búfalo.

O local das refeições é a varanda do primeiro andar da casa, uma área com vista para a imensidão verde da ilha e redes que convidam para um merecido descanso.

A casa de fazenda (www.sanjo.tur.br) tem seis quartos, dos quais dois são suítes. Cada um deles tem capacidade para até quatro hóspedes.

Cemitério indígena

A fazenda tem uma réplica de cemitério indígena, recriado pela proprietária, a partir de pesquisas. Para chegar ao local, é preciso ir a cavalo, atravessar um lago e adentrar na mata. De lá, o turista segue uma trilha entre plantas nativas como o arumã, que dá uma flor branca e serve de alimento para o gado, e o mata-pasto, com suas flores amarelas.

No caminho, avistam-se também guaribas, mais conhecidos como macacos-da-noite, pretos com cauda castanha.

O cemitério serve para ensinar aos turistas como eram enterrados os mortos das civilizações indígenas de Marajó de até 3.000 anos atrás, que foram dizimadas com a chegada dos colonizadores.

"Eles enterravam os ossos em um teso [monte de terra] e colocavam os pertences e a carne cremada do morto dentro de uma urna funerária", explica Ana Tereza.

No cemitério da fazenda, há diversas réplicas da sofisticada cerâmica marajoara em cima do teso. Há ainda placas que informam os nomes das principais tribos e o período em que cada uma delas habitou a região.

Dentro da casa da fazenda, há o pequeno Museu Arqueológico e Histórico Familiar, montado por Ana Tereza, que reúne objetos antigos que pertenciam aos seus bisavós, como ferro a carvão, surrão (recipiente usado pelo vaqueiro para levar sua comida) e balas para caçar búfalos, fotos antigas, reportagens sobre Marajó de até cem anos atrás, machados indígenas e, claro, objetos de cerâmica marajoara, como vasos, e tangas femininas.


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