22/12/2003 - 06h01

Em museus, pais desafiam petizes com jogos

da enviada especial da Folha de S.Paulo a Paris

O turista brasileiro que vai a Paris pode imaginar que seu filho se aborrecerá num museu.

Porém ver quadros é um exercício de observação e desperta a curiosidade dos pequenos de mais de três anos. Os mais velhos podem se deliciar com os tons amarelos de Van Gogh no museu d'Orsay. Mesmo a extensa fila para chegar perto da "Mona Lisa", de Da Vinci, no Louvre, pode ser transformada em uma aventura.

Os pais têm de usar a imaginação para despertar o interesse de seus filhos. Claro que as idas aos museus não podem ser demoradas. É indicado que, com menores de dez anos, o passeio não dure mais do que uma hora. Às vezes é melhor voltar ao local da exposição mais de uma vez. É o caso do Louvre (www.louvre.fr).

O gigantismo desse suntuoso palácio que abrigou a realeza francesa -o rei Luís 14 ficou no Louvre até os anos 1680, quando se mudou para o palácio de Versalhes- rende várias visitas.

Na primeira delas, o turista tem um bom motivo para introduzir o filho no mundo da mitologia grega. Na coleção de antiguidades gregas, etruscas e romanas, é possível deleitar-se por uma hora com as estátuas de arte grega do século 4º a.C.

Vários deuses gregos estão lá representados: da caçadora Ártemis, também conhecida como Diane de Versailles, a Atenas, Athèna Pacifique, passando por Apolo e Hades.

A "Vênus de Milo" é outra obra que merece atenção. Claro que o turista terá de disputar espaço com dezenas de pessoas de várias regiões do mundo que fazem questão de posar para fotografias diante dessa estátua.

Em outra ocasião, vale a pena conhecer as origens do Louvre e descobrir que sua fundação deu-se na Idade Média, no final do século 12. As estruturas do castelo que foi transformado em museu estão acessíveis no subsolo.

Estação de trem em museu

Há muitos anos, a luxuosa estação d'Orsay (www.musee-orsay.fr) deixou de ser ponto de chegada de trens que recebiam os visitantes da Exposição Universal de 1900. Sob sua grandiosa estrutura metálica, o visitante encontra esculturas, pinturas impressionistas e outras obras do século 19.

Para os filhos, existe a proposta de um jogo interessante: encontrar quadros em que figurem crianças. É um desafio ao olhar e à observação. Depois de chegar a "O Pequeno Paisano em Azul" (1882), de Georges Seurat, e a "Duas Menininhas" (1890), de Vincent van Gogh, não há como passar incólume pela bela estátua "Jovem Bailarina aos 14 Anos" (1881), de Edgard Degas.

Com um bloco de papel na mochila do filho e um lápis, dá para pedir que ele faça desenhos dessa obra de vários ângulos.

Os museus franceses costumam oferecer programas exclusivos para crianças de cinco a 12 anos separados por faixa etária. No próximo sábado, dia 27 de dezembro, às 15h, o "Retratos Pintados e Esculpidos", no Orsay, tem o objetivo de convidar os petizes a reconhecer e a diferenciar as expressões de quadros e esculturas.

No domingo, dia 28, no mesmo horário, "Desenhe-me um Museu" pede que a criança faça um esboço do museu e, em seguida, passeie pelo local, para depois mostrar-lhe o trabalho de artistas e as noções de escala e material utilizado. Para quem estiver na cidade no dia 4 de janeiro, às 11h, o tema é a figura humana na pintura e na escultura, com atividades gráficas e lúdicas.

O Centro Georges Pompidou (www.cnac-gp.fr), mais conhecido por Beaubourg, concentra no seu Museu de Arte de Moderna obras do século 20 e traça um percurso variado de artistas clássicos a contemporâneos.

Mas o grande atrativo são as atividades para as crianças. No próximo domingo, das 11h30 às 13h, a dica é uma abordagem sensorial de algumas obras do museu. Pais e filhos com mais de cinco anos podem descobrir materiais de esculturas tocando e apalpando madeira rugosa, bronze polido e mármore liso. Em seguida, têm de nomear suas sensações e descrevê-las (informações: tel. 00/xx/33/1/4478-4913).

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