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Conheça as principais celebrações religiosas da Páscoa
MARINA DELLA VALLE
Colaboração para a Folha de S.Paulo
Os cristãos relembram a ressurreição de Jesus Cristo. Os judeus celebram a libertação de seu povo da escravidão no Egito. Nos dois casos, a Páscoa -no caso dos judeus, o Pessach, a Páscoa judaica-- ocupa um lugar importante entre as comemorações religiosas.
Andrew Medichini/AP |
Procissão da via-crúcis é celebrada pelo papa na Sexta-Feira Santa |
"A vigília pascal, no sábado à noite, e o Domingo de Páscoa formam a parte mais importante da liturgia. Se Jesus não tivesse ressuscitado, vã seria nossa fé", diz frei Sandro Roberto da Costa, diretor do Instituto Teológico Franciscano, em Petrópolis, e professor de história da igreja. Padre Gregório Teodoro, da Catedral Ortodoxa Antioquina, em São Paulo, faz coro: "Se Cristo não tivesse ressuscitado, tudo seria vão."
De acordo com Boris Ber, presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, o Pessach, que neste ano tem início em 19 de abril, é a comemoração da liberdade. "É a valorização da liberdade, em todos os sentidos. Comemoramos a liberdade de todos os tipos de perseguição", afirma Ber.
Datas
Católicos e ortodoxos geralmente comemoram a Páscoa em datas diferentes. Neste ano, a católica será celebrada em 23 de março, e a ortodoxa, em 27 de abril. A diferença entre as datas ocorre porque as igrejas seguem calendários diferentes.
"Aqui seguimos o calendário gregoriano [usado em todos os países ocidentais] para todas as festas, menos para a Páscoa, que é celebrada de acordo com o calendário juliano", explica padre Gregório. As datas podem coincidir - isso ocorreu no ano passado e deve acontecer novamente em 2010.
Católicos e ortodoxos comemoravam a Páscoa na mesma data, cujo cálculo foi estabelecido no Concílio de Nicéia, no ano 325, até a Igreja Católica adotar o calendário gregoriano, em 1582. Hoje em dia, muitas igrejas ortodoxas que seguem o calendário gregoriano em suas comemorações, mas não em relação à Páscoa.
Tradições
Muitas tradições de Páscoa não derivam da religião, mas sim da assimilação de culturas ao longo dos anos. A associação do coelho com a data, por exemplo, apareceu em áreas protestantes da Europa no século 17 e só tornou-se popular a partir do século 19.
O ovo, símbolo conhecido da comemoração cristã, também está presente na Páscoa judaica. O beitzá, o ovo cozido, simboliza a lembrança do sacrifício oferecido a cada festividade.
O Pessach é comemorado por oito dias, com dois jantares seguidos. Durante esse período, alimentos fermentados estão proibidos. Nos jantares familiares, a história da Páscoa judaica é lida e são consumidos alimentos simbólicos, como a matzá, pão sem fermento, que lembra o pão dos anos de escravidão no Egito.
O uso de ovos pintados e decorados na Páscoa foi registrado pela primeira vez no século 13 e acabou assimilado. "Jesus ficou na sepultura antes de ressuscitar. O ovo é uma espécie de tumba, mas ali tem vida", analisa frei Sandro.
De acordo com ele, o símbolo religioso mais forte da Páscoa cristã é o círio pascal, que é aceso no Domingo de Páscoa e permanece queimando até Pentecostes, 50 dias depois.
As velas também ocupam lugar de destaque na celebração ortodoxa na noite do sábado, quando os fiéis as acendem e saem em procissão.
O costume de distribuir ovos pintados é seguido principalmente nos países eslavos, onde as pinturas são verdadeiras obras de arte. A tradição está presente na celebração ortodoxa. "Os ovos que distribuímos são pintados de modo bem mais simples, representando a geração da vida", diz padre Gregório. "No domingo distribuímos ovos de chocolate às crianças, mas isso não faz parte da tradição", completa.
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